A Presidência da COP30 divulgou nesta sexta-feira, 20, a quarta carta com encaminhamentos para a agenda da conferência do clima, que será realizada em novembro em Belém. No documento, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, faz um chamado para que empresas, governos locais e todos os segmentos da sociedade se engajem no mutirão contra a crise climática.
A carta reforça o marco de 10 anos do Acordo de Paris e chama atenção para as diversas iniciativas públicas e privadas que surgiram para reduzir os impactos da mudança do clima, assim como para a necessidade de escalar e acelerar o cumprimento dos compromissos assumidos nas COPs.
Para avançar no sentido da implementação de medidas, Corrêa do Lago diz que o Balanço Global (GST, na sigla em inglês), que é a avaliação do que foi cumprido do Acordo de Paris, deve ser a bússola do mundo para alcançar o objetivo de evitar o aquecimento acima de 1,5ºC. E isso depende tanto da ação das Partes, que são os países, quanto de outros atores da sociedade civil, empresas, instituições financeiras, cidades, governos estaduais, povos indígenas, comunidades tradicionais e outros.
“Nosso objetivo é trazer uma nova dinâmica para a ação climática global, alinhando os esforços feitos por empresas, sociedade civil e todos os níveis de governo em uma ação coordenada – um mutirão global em torno da conquista do GST como uma ‘NDC Global’, ou melhor, uma ‘GDC’ – a ‘contribuição globalmente determinada’ do mundo”, diz um trecho da carta.
Seis eixos temáticos
A agenda de ação da conferência foi estruturada em seis eixos temáticos: Transição de Energia, Indústria e Transporte; Gestão de Florestas, Oceanos e Biodiversidade; Transformação de Sistemas Agrícolas e Alimentares; Construção de Resiliência para Cidades, Infraestrutura e Água; Promoção do Desenvolvimento Humano e Social;
e Liberação de Facilitadores e Aceleradores, incluindo Finanças, Tecnologia e Capacitação. No total, mais de 70 reuniões ocorrerão durante 10 dias da conferência.
“O Brasil está criando um espaço de discussão aberta, transparente, com o mundo sobre os principais temas do GST, e eu acho que isso pode ter uma contribuição gigantesca para a implementação”, afirmou o embaixador, que falou em coletiva à imprensa sobre o formato discussão na COP de Belém.
Evitar retrocessos
A expectativa da Presidência da COP30 é que essa agenda de ação ajude o mundo a acelerar a implementação de ações necessárias, como o fim do desmatamento e a degradação florestal até 2030, o aumento da capacidade de geração de energia renovável e a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos. Além disso, o envolvimento de outros atores pode evitar retrocessos mesmo em países como os Estados Unidos, que anunciou a saída do Acordo de Paris após a eleição de Donald Trump.
“Os países quando eles negociam, eles são naturalmente conservadores, porque eles evidentemente não querem dar passos muito grandes que têm um impacto negativo sobre sua economia. Muitas vezes é o setor privado que se antecipa ao que os países se comprometeram. Então, é uma ocasião do setor privado mostrar o seu comprometimento com relação a essa agenda”, exemplificou André Corrêa do Lago.
“Que a COP30 seja o momento em que inauguramos uma nova era em que a ação coletiva se torne nossa solução climática mais duradoura”, acrescenta a carta.
Confira a íntegra do documento neste link.