Por Fabrício Queiroz
O governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram nesta terça-feira, 17, o briefing de apresentação do Balanço Ético Global (BEG). A iniciativa tem o objetivo de promover a escuta de lideranças sociais, culturais, espirituais, empresariais, científicas e políticas para discutir a emergência climática e apresentar perspectivas para o seu enfrentamento. Serão realizados seis encontros nos diferentes continentes antes da COP30, que ocorre em novembro em Belém.
O BEG faz parte dos Círculos de Liderança anunciados pela Presidência da COP30. A iniciativa tem como líderes o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que propuseram a realização de diálogos em diferentes regiões reunindo políticos, representantes de povos indígenas, afrodescendentes, comunidades tradicionais, artistas, filósofos, empresários, entre outros para refletir sobre o rumo das decisões políticas relacionadas às mudanças climáticas, como a meta de conter o aquecimento do planeta em 1,5ºC.
“[É uma] nova abordagem, que traz uma nova dimensão ética, depois de 10 anos do Acordo de Paris, na qual nós temos que incluir nas nossas discussões o fato de que as mudanças tecnológicas, econômicas e climáticas nos obrigam a repensar no comportamento humano neste planeta e entre os humanos. Eu acredito que esse debate vai reunir pessoas fascinantes, que vão chamar nossa atenção para os esforços que precisam ser feitos para combater as mudanças climáticas”, disse o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o BEG é necessário para que o mundo caminhe na implementação das decisões e acordos firmados durante as COPs anteriores. Isso porque, na sua avaliação, as respostas técnicas já foram dadas pela ciência e por outras formas de conhecimento, por isso é preciso que o mundo avance no sentido do compromisso com as soluções para a crise.
“O Balanço Ético Global nada mais é do que trazer a dimensão da ética para dar suporte às decisões políticas e aos encaminhamentos técnicos, porque só ela será capaz de nos atravessar para conferir o sentido de urgência dos problemas que estamos enfrentando”, declarou a ministra.

Seis encontros pelo mundo
No total, serão seis diálogos regionais nos continentes, sendo um na América do Norte, um na América Latina e Caribe, um na África, um na Ásia, um na Oceania e um na Europa, que dará o pontapé inicial nos trabalhos. O primeiro encontro ocorre durante a Semana Climática de Londres, no dia 24 de junho. A reunião para a América Latina e Caribe está marcada para o mês de agosto e será realizada em Bogotá, na Colômbia.
Ao final dos encontros serão elaborados relatórios regionais e um relatório síntese, que serão entregues à Presidência da COP na Pré-COP marcada para outubro, em Brasília. A expectativa é que o documento ajude os negociadores e chefes de Estado e negociadores climáticos a considerar a percepção da sociedade sobre os problemas atuais e suas possíveis soluções.
“Neste ano, os países devem apresentar seus novos planos climáticos nacionais, as NDCs, como são conhecidas, no contexto do Acordo de Paris. É imperativo que esses planos reflitam totalmente os princípios destacados no Balanço Global e os elementos da justiça e equidade. É fundamental que o Balanço Ético Global e os encontros que ocorrerão ao longo das próximas semanas informem como essas NDCs devem ser e como serão implementadas”, acrescentou Selwin Hart, assessor especial do Secretário-Geral da ONU para Ação Climática e Transição Justa.
De acordo com os organizadores, os resultados também serão expostos em um pavilhão na Zona Azul, em Belém, onde os participantes poderão ter contato com vídeos, fotos, produções artísticas e outros materiais elaborados em torno dos temas do BEG, que incluem questões como a transição justa e práticas econômicas sustentáveis.