A exploração madeireira nas proximidades do Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (PAGAM), onde foi encontrado um angelim-vermelho com mais de 88 metros de altura, é alvo de suspeitas. Em uma das áreas de concessão florestal, o governo detectou desrespeito a autorizações concedidas, uso de informações falsas e manutenção de madeira em tora sem licença válida em operações recentes.
No total, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) lavrou sete autos de infração contra a empresa Blue Timber Florestal, que explora madeira na UMF (unidade de manejo florestal) 4 da Floresta do Paru. A descoberta do angelim gigante e de outras 38 árvores de grande parte ocorreu nesta unidade de conservação, que foi desmembrada no ano passado para criação do PAGAM.
Três das multas foram aplicadas pela execução do manejo florestal em desacordo com a autorização concedida; outras três por apresentação de informação falsa, total ou parcial, na concessão florestal; e uma autuação por manter 63,5 m³ de madeira em tora sem licença válida. O total das multas chega a R$ 9,84 milhões, segundo a apuração da Folha de São Paulo.
À reportagem, a defesa da Blue Timber disse que já apresentou as contestações contra as multas e que os autos de infração foram baseados em relatório de fiscalização com vários erros procedimentais. De acordo com a empresa, o relatório já foi reavaliado e a tendência é que as multas sejam canceladas.
A Blue Timber também questiona a licitação que levou à concessão de outra área de manejo florestal, cuja vencedora foi a LS Representações. De acordo com a denúncia, houve quebra do sigilo das propostas, prática anticompetitiva adotada por duas empresas e outras irregularidades que teriam sido ignoradas pelo Ideflor-Bio, órgão responsável pela gestão das unidades de conservação do estado.
Por sua vez, a LS Representações diz que venceu o edital porque apresentou a melhor combinação com base no maior valor pela outorga e melhor técnica, com menos impactos ambientais e maiores benefícios sociais. O Ideflor-Bio informou que não houve fraude no processo licitatório e que a Justiça já comprovou sua regularidade em decisão de segunda instância, sem chance de novos recursos.