A biodiversidade da floresta amazônica está cada vez em maior risco devido ao desmatamento e ao aumento da degradação ambiental provocada pela extração de madeira, queimadas e secas. Um cenário de muitas ameaças, que cresce ainda mais sob a influência de organizações criminosas e suas atividades ilegais na região, e que é revelado pelos inúmeros dados publicados no Atlas da Amazônia Brasileira.
Organizado pela Fundação Heinrich Böll no Brasil, o Atlas reúne 32 artigos que abordam as características, a diversidade de saberes e os desafios da região a partir do olhar de cientistas, representantes de organizações sociais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
Um dos trabalhos é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Philip Fearnside que destaca como a degradação é pouco combatida e potencialmente mais perigosa que o desmatamento. Isso porque a retirada de madeira, por exemplo, abre caminho para a entrada de sol e vento na floresta, aumentando o risco de incêndios.
Com áreas queimadas a floresta fica mais inflamável e, com a ocorrência de secas mais frequentes por causa da mudança do clima, a tendência é que a vegetação fique em pequenas ilhas com bordas secas e carregadas de madeira morta.
“A perda de sociobiodiversidade, bem como do estoque de carbono da floresta, responsável por evitar o aquecimento global, assim como a perda da função de ciclagem da água que fornece chuvas não apenas para a Amazônia, mas também para outras partes do Brasil e da América Latina, são razões importantes para interromper os processos de destruição da Floresta Amazônica”, alerta o pesquisador.
Para Fearnside, é preciso compreender as forças que impulsionam o desmatamento e a degradação para tomar as medidas para combatê-las. Nesse sentido, ele critica leis que buscam flexibilizar a grilagem de terras e a regularização de áreas que se sobrepõem a territórios indígenas e quilombolas, beneficiando principalmente grileiros e pecuaristas.
Facções criminosas
Mas não são só esses grupos que se beneficiam da destruição da Amazônia. O artigo do professor Aiala Colares, da Universidade do Estado do Pará, e Regine Schönenberg, da Fundação Heinrich Böll, mostra como facções criminosas também estão lucrando com a devastação.
“A relação entre o narcotráfico e os crimes ambientais se dá por meio de atividades ilegais como exploração ilegal de madeira, contrabando de minérios (manganês e cassiterita) e grilagem de terras. Essas atividades vêm sendo financiadas pelo crime organizado nos últimos anos, principalmente como estratégia de lavagem de dinheiro”, explicam os pesquisadores, que apontam ainda a relação dessas facções com a crescente violência em territórios indígenas e comunidades tradicionais.
Para entender e combater essas e outras ameaças, os organizadores entendem que o Atlas da Amazônia Brasileira pode ser uma porta de entrada aos conhecimentos da região e uma via para provocar debates, diálogos e inspirar soluções para o desenvolvimento sustentável.
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