O Governo Federal lançou nesta terça-feira, 1º, o Plano Safra 2025/2026, injetando R$ 516,2 bilhões na agropecuária empresarial, com medidas que ampliam a exigência por segurança e reforçam as boas práticas no campo. O montante representa um acréscimo de 1,5% (R$ 8 bilhões) em relação à safra anterior.
Apesar do aumento tímido, houve uma reestruturação nos recursos e nas taxas de juros do novo plano, refletindo as condições econômicas atuais. O destaque principal está no reforço dos recursos equalizados, um mecanismo em que o governo federal subsidia parte dos juros para tornar o crédito mais acessível aos produtores. Esses fundos subirão de R$ 92,8 bilhões para R$ 113,8 bilhões. Somados a outras linhas com juros controlados, o total de recursos subsidiados ou com taxas reguladas atinge R$ 189 bilhões.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro afirmou que este é o terceiro Plano Safra seguido com valores recordes – isso já havia acontecido em 2023 e em 2024 – e agradeceu ao governo federal pelo esforço de absorver o aumento da Selic com a equalização.
Destinado a médios e grandes produtores, o plano abrange operações de custeio, comercialização e investimento. Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), a partir deste ano, o crédito rural de custeio agrícola passa a exigir a observância das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Essa regra, antes mais restrita, agora se estende a financiamentos acima de R$ 200 mil e a contratos que não exigem o Proagro.
O objetivo é evitar a liberação de crédito em períodos inadequados ou em áreas com restrições climáticas, contribuindo para a resiliência e a sustentabilidade da produção. Apenas a ausência de zoneamento para o município ou cultura poderá ser uma exceção.
O plano também estimula diretamente boas práticas na gropecuária ao permitir que o crédito de custeio seja destinado à produção de sementes e mudas de essências florestais (nativas ou exóticas). Além disso, será possível financiar insumos e tratos culturais para o cultivo de plantas de cobertura e proteção do solo no período de entressafra, promovendo a saúde do solo e a conservação.
Outra novidade é a autorização para financiamento de rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito.
“O grande sucesso não é só o aumento da capacidade produtiva ou o aumento da quantidade de mercados que nós conseguimos. O grande sucesso é um aprendizado de todos nós. É o aprendizado de que fazer a preservação adequada e necessária ao país, de preservar os nossos rios e os nossos mananciais, de recuperar a terra degradada, a gente vai percebendo, com o tempo, que está produzindo mais em menos hectares”, disse, lembrando que o País ainda tem 40 milhões de hectares de terras degradadas.
Incentivos para um agro mais resiliente
Produtores que já adotam práticas sustentáveis terão acesso a condições diferenciadas, incluindo juros reduzidos. O Plano Safra 2025/2026 mantém o crédito para iniciativas como produção de mudas, reflorestamento e culturas de cobertura, essenciais para a preservação ambiental entre as safras.
O governo estendeu, de 1º de julho de 2025 a 30 de junho de 2026, o desconto de 0,5 ponto percentual na taxa de juros para operações de custeio. Esse benefício se aplica a produtores do Pronamp e também a outros produtores que investirem em atividades sustentáveis, dentro dos limites e com recursos equalizados pelas instituições financeiras.
Programas de modernização e inovação seguem fortalecidos. A unificação do Moderagro e Inovagro visa simplificar o acesso ao crédito, elevando o limite disponível para investimentos em granjas e contribuindo para a atualização sanitária.
Prevenção e combate a incêndios
O subprograma RenovAgro Ambiental ganha novas atribuições, contemplando agora ações de prevenção e combate a incêndios, além da recuperação de áreas protegidas. Dentre as novidades, destaca-se a possibilidade de financiar a aquisição de caminhões-pipa ou carretas-pipa e de mudas de espécies nativas para a reposição de áreas de preservação permanente e reservas legais.
Além disso, houve a ampliação do programa de armazenagem (PCA), que dobrou o limite de capacidade por projeto, passando de 6 mil para 12 mil toneladas, buscando melhorar a infraestrutura de estocagem. O limite de renda para enquadramento no Pronamp também foi ampliado de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões anuais, permitindo que mais produtores acessem suas condições especiais.
O novo Plano Safra também inclui medidas para facilitar a renegociação de dívidas, oferecendo maior flexibilidade para produtores em dificuldades financeiras. O acesso ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) foi ampliado, permitindo que beneficiários do Pronaf e Pronamp acessem o fundo mesmo com contratos ativos do Plano Safra.
Reforço nos recursos
Diante de um cenário de juros de mercado elevados (com a taxa Selic passando de 10,5% para 15% ao ano entre o lançamento do Plano Safra anterior e o atual), o governo optou por priorizar certas áreas:
- Custeio e Comercialização: Os recursos para essas operações, essenciais para o dia a dia da produção e venda, aumentarão de R$ 401,3 bilhões para R$ 414,7 bilhões. Isso indica um foco em garantir o fluxo de caixa dos produtores.
- Investimentos: Por outro lado, os recursos destinados a investimentos de longo prazo apresentarão uma redução, caindo de R$ 107,3 bilhões para R$ 101,5 bilhões. Essa diminuição é vista como um reflexo da cautela dos produtores rurais em realizar grandes aportes financeiros em um período de incertezas e juros mais altos.
Reajuste das Taxas de Juros
As taxas de juros para os produtores também foram reajustadas para acompanhar a alta da Selic.
- Para Custeio:
- Médios produtores: Pagarão juros de 10% ao ano.
- Demais produtores: A taxa será de 14% ao ano.
- Para Investimentos:
- As taxas variarão entre 8,5% e 13,5% ao ano, dependendo da linha de crédito e do perfil do produtor.
Embora tenha havido um aumento nas taxas de 1,5 a 2 pontos percentuais, o governo ressalta que esse ajuste foi proporcionalmente menor do que o incremento total da taxa Selic. Essa medida visa mitigar o impacto do cenário macroeconômico no custo do crédito rural, buscando conter a elevação excessiva para os produtores.
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