A bioeconomia pode ser a estratégia mais promissora para enfrentar o desmatamento na Amazônia e gerar mais oportunidades de emprego no Pará. Uma pesquisa mostra que a efetiva redução da derrubada florestal passa necessariamente pela diversificação da economia regional, atualmente dependente de atividades como o cultivo de soja e a pecuária extensiva, responsaveis pelo desmatamento na região amazônica.
O estudo “Como a bioeconomia pode combater a pobreza na Amazônia?”, do Instituto Escolhas destaca a importância de uma transição que substitua atividades econômicas associadas ao desmatamento, à degradação ambiental e à concentração de renda por outras que promovam a conservação e regeneração ambiental, a geração e distribuição de renda local e a inclusão dos mais vulneráveis.
Neste 1º de Maio, Dia do Trabalho, vamos conhecer a horticultura e a restauração florestal, exemplos de atividades que podem trazer impactos positivos em diferentes indicadores socioeconômicos.
A horticultura, por exemplo, atualmente é desenvolvida em 8.429 pequenas propriedades do Pará, movimentando mais de R$ 187 milhões e empregando 15.889 pessoas.
Segundo a análise, esse resultado pode ser potencializado, já que a produção de legumes e verduras pode ocorrer em pequenas propriedades, com baixo investimento e ainda gera oportunidades de ganhos com políticas de crédito como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Um das projeções mostra que em um cenário de crescimento da produção e do consumo estaduais atingindo a média de consumo nacional, a horticultura no Pará poderia chegar a 21.147 propriedades, movimentar mais de R$ 475 milhões e gerar 59.793 postos de trabalho.
Além disso, a horticultura tem a vantagem de manter cultivos de ciclo curto. Dessa forma, é possível utilizar uma mesma área para plantios diversos, dinamizando a atividade e diminuindo a dependência de um único produto. Outro aspecto positivo é que os produtos colhidos servem para a subsistência dos agricultores, o que diminui os riscos de insegurança alimentar no campo.
Economia aquecida com floresta em pé
Já a restauração florestal traz impacto direto para a regeneração e a conservação da biodiversidade, contribuindo para a mitigação da crise climática. Por outro lado, essa estratégia reflete também na absorção de mão de obra local, que pode ser empregada desde a coleta de sementes e a produção de mudas até o plantio, a manutenção e o monitoramento da atividade.
O estudo calcula que a recuperação de 5,9 milhões de hectares de florestas no Pará tem o potencial de gerar R$13,6 bilhões de receita, criar 1 milhão de empregos diretos e reduzir em 50% o índice de pobreza no estado. Para isso, é necessário que haja mais incentivo ao setor, estimulando a recuperação de áreas com desmatamento recente, de florestas públicas não destinadas e de pastagens privadas com baixa ocupação bovina.
“Replantar a floresta é muito intensivo em mão de obra, principalmente nos três primeiros anos dessa atividade. Isso significa um potencial não só econômico, mas também de caráter social porque vão ser empregadas as pessoas que mais precisam de emprego, que são aquelas de menor renda e com menor grau de escolaridade”, explica Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas.
Com isso, Leitão ressalta ainda que a restauração florestal representa uma arma no combate à pobreza e reduz a vulnerabilidade em cerca de 50%. Dessa forma, a atividade consegue atender a todos os aspectos do desenvolvimento sustentável, trazendo benefícios econômicos sociais e ambientais.
“Agora que o estado vai sediar a COP30, a restauração é um exemplo de como um estado que vai receber delegações do mundo inteiro pode mostrar que o meio ambiente, o social e o econômico caminham de mãos dadas”, destaca.