Por Fabrício Queiroz
A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em novembro deste ano em Belém trouxe para a cidade investimentos que somam mais de R$ 4,7 bilhões, segundo cálculos do governo federal. Os recursos são aplicados em projetos fundamentais para o evento, mas devem permanecer em obras e empreendimentos que prometem deixar um legado para o desenvolvimento regional.
O impacto da preparação é visto nas ruas que se tornaram verdadeiros canteiros de obras. Uma das principais intervenções ocorre no bairro do Marco, onde a área de um antigo aeroporto é transformada no Parque da Cidade. O espaço deve concentrar as programações da zona verde e da zona azul durante a conferência e será equipado com quadras poliesportivas, centros de economia criativa e gastronomia, espaços culturais e outras atrações que vão ampliar as opções de turismo e lazer.
Mas essa é apenas uma de várias construções. A restauração de pontos turísticos como o Mercado de São Brás, que já foi reinaugurado, a ampliação dos serviços de macrodrenagem e saneamento e a melhoria das principais vias de acesso da cidade também fazem parte dos projetos executados e que geram um aquecimento da economia local e impacto na geração de postos de trabalho. Entre os setores com maior crescimento, segundo o Dieese, estão a construção civil, os serviços e o comércio.
“As COPs do clima também trazem grandes benefícios para as cidades-sede e comunidades, incluindo um fluxo de atividades econômicas e empregos”, destacou Simon Stiell, secretário-geral da ONU para Mudanças Climáticas em participação a distância em uma coletiva de imprensa sobre os preparativos para a COP30.
Modelo de desenvolvimento
Além de trazer respostas para demandas da população, como a urbanização de regiões periféricas e aumento da oferta de moradias, as obras da COP30 preparam Belém para ser referência em um modelo de desenvolvimento, que olha para o social e preserva a natureza. A valorização do Mercado do Ver-o-Peso, por exemplo, e de novos espaços com atrativos turísticos, como o Porto Futuro e os parques lineares apostam nos ganhos que a cidade pode ter ao explorar sua identidade amazônica.
Outro ponto importante deve ser o estímulo a negócios baseados na natureza e que apoiam a preservação da floresta, as culturas e os saberes tradicionais. A partir do incentivo à bioeconomia, por exemplo, a ideia é mostrar que a Amazônia é capaz de crescer e gerar renda sem agravar ainda mais as mudanças do clima.
“[São] soluções pensadas na busca de efetivas realizações que possam ser exequíveis e que possam deixar para o dia seguinte à COP uma Belém mais robusta, com a economia fortalecida e com a agenda atrelada à vocação ambiental que nos alça à capital da Amazônia”, afirma o governador do Pará, Helder Barbalho.