Após ver sua refeição esfriar enquanto aguardava o preparo de um suco em um restaurante, Sidney Oliveira teve a ideia de oferecer a bebida já pronta e envasada aos estabelecimentos, ajudando a garantir um atendimento mais ágil e evitar a frustração que acabara de viver.
A ideia nasceu em 2020, auge da pandemia, quando o delivery de alimentos subiu 187% no Brasil, deu origem à Combu Juice, que produz cerca de 12 mil litros mensais de suco e atende 150 estabelecimentos no Pará.
“O dono da hamburgueria quer focar no hambúrguer, não em fazer suco. A gente entrou para resolver isso”, diz Sidney Oliveira, fundador da Combu Juice.
Em parceria com a esposa, Emanuelle, Sidney começou a produção caseira de sucos com R$ 400 de investimento e um liquidificador emprestado da mãe. Entre os sabores escolhidos estão clássicos globais, como abacaxi, goiaba e maracujá, e também sucessos regionais, como acerola, taperebá e cupuaçu – sabor com maior número de vendas até hoje. Produtos livres de aditivos e feitos de forma natural.

O casal aproveitou a expansão nacional do delivery em 2020 e conquistou os primeiros clientes. Afinal, ter bebida pronta à mão ajuda a agilizar atendimentos e ter uma preocupação a menos em meio à correria diária de restaurantes e lanchonetes. Nos anos seguintes, a cartela de clientes foi expandida, chegando a 150, incluindo grandes redes locais de alimentação.
Sidney diz que o nome foi escolhido de forma cuidadosa para ilustrar a proximidade da cidade sem perder o DNA da floresta:
“É um lugar que representa muito bem esse contraste. Queríamos traduzir isso nos nossos produtos”.

Ilha do Combu
A Ilha do Combu é um ponto turístico famoso em Belém, a poucos minutos de barco do centro da capital. No local também vivem diversas famílias que tiram o próprio sustento da pesca e do plantio de frutas regionais.
A identidade local ultrapassa o rótulo e se reflete em toda a cadeia produtiva: da compra das frutas, feita diretamente com agricultores familiares, até o envase, a rotulagem, a entrega e a comercialização, tudo na Grande Belém. As embalagens dos produtos variam entre 300 ml, 900 ml e 5 litros, buscando presença no consumidor final e na rede de atacado.
“Nosso ecossistema é local. Valorizar isso é parte do nosso propósito”, reforça o fundador.
De olho na COP30
A empresa já fechou contratos com redes de restaurantes e quiosques que estarão na COP30. A ideia é criar uma força-tarefa para operar 24 horas e garantir o abastecimento durante a Conferência do Clima. Mirando o público internacional, a marca vai lançar um suco de cacau com rótulo bilíngue.
“A COP30 vai colocar nossos sucos diante do mundo. É uma vitrine que pode atrair investidores e abrir portas para novos mercados”, aposta.
Até então, o maior desafio na produção das bebidas naturais e sem aditivos é prolongar a validade do produto, que hoje é de 15 dias. No entanto, os fundadores já estão se preparando para resolver o problema sem comprometer um dos pilares do produto: não usar conservantes. A solução encontrada é investir em maquinário de envase asséptico, tecnologia que irá estender o prazo de validade da produção.
Em 2024, a Combu Juice faturou R$ 1,5 milhão, consolidando a marca como referência no segmento regional. Ao mesmo tempo que em celebra a conquista, o fundador frisa que o resultado é fruto de uma combinação cuidadosa que envolve respeito à cultura amazônica, compromisso com a sustentabilidade e intuição empreendedora.
Sidney afirma que, agora que identificou a solução para ampliar a validade do produto — passo-chave para expandir as vendas para outros estados —, os esforços se concentram em realizar um bom trabalho durante a COP30 para, então, iniciar essa nova fase de crescimento.
“A cada novo cliente, a cada contrato fechado, reforçamos a certeza de que estamos no caminho certo. Agora, o desafio é escalar, ganhar fôlego logístico e levar a Amazônia engarrafada para outros estados e, quem sabe, para o mundo”, diz.