Por Tereza Coelho
A COP30 marca uma mudança de paradigma: ao priorizar insumos da Agricultura Familiar e das Comunidades Tradicionais (AFCT) em seus editais de alimentação, o evento, que acontece em Belém, em novembro, coloca os saberes ancestrais paraenses no centro da agenda climática. Essa decisão impulsiona a economia de mais de 300 mil pessoas, atraindo um olhar global para a sociobiodiversidade e o potencial de desenvolvimento sustentável da região.
Segundo a última edição do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar corresponde a 40% da produção rural paraense.
Ao todo, essas famílias estão nos 144 municípios do estado do Pará em distribuições variadas como: áreas de colonização da década de 70, proximidades das cidades e vilas, comunidades tradicionais ribeirinhas, 23 reservas extrativistas, 1.030 assentamentos rurais de reforma agrária e mais de 500 comunidades quilombolas.
Para a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf), a agricultura familiar possui um papel muito importante no Pará, crescendo anualmente e ganhando cada vez mais protagonismo na mesa do consumidor:
“Grande parte do que é consumido nos municípios paraenses é fruto de agricultura familiar, produzido por pequenas cooperativas, assentamentos rurais, reservas extrativistas e comunidades ribeirinhas. Além disso, ela é responsável pela maior parte da produção de alguns produtos para exportação, como a castanha do Pará, copaíba, andiroba, borracha e pupunha”, cita.
Embora o Pará tenha fama nacional e internacional pela produção e manejo de alguns produtos, a Seaf explica que a produção total é ainda mais diversificada.
“Cada região possui as chamadas cadeias produtivas prioritárias, que consiste em produtos que podem ser mais facilmente produzidos naquele local por questões de solo, clima ou outras formas de configuração, mas existem alguns produtos que vão ser produzidos em todo o estado, como itens básicos de alimentação. Vale lembrar que além do Pará, esses pequenos produtores são responsáveis pela alimentação da maior parte da população brasileira. É uma tendência nacional”, disse.
As cadeias produtivas prioritárias de cada região de integração do estado são:
- Guajará – Plantio de açaí e Hortaliças
- Guamá – Piscicultura e Mandioca
- Rio Caeté – Feijão caupi e Galinhas
- Marajó – Bubalinos e Látex natural7
- Tocantins – Dendê em SAFs e Açaí biodiverso
- Rio Capim – Fruticultura e Mel de abelha
- Lago de Tucuruí – Pescado, Galinhas e outros pequenos animais
- Carajás – Cacau em SAFs e Pecuária (leite e corte)
- Araguaia – Fruticultura e manejo de Abacaxi e Pequi
- Xingu – Cacau em SAFs e Pecuária (leite e corte)
- Tapajós – Fruticultura em SAFs e Extrativismo de castanha do pará
- Baixo Amazonas – Fruticultura em SAFs e Mel de abelha nativa
Cássio Pereira, secretário de Estado da Agricultura Familiar, enfatiza a oportunidade única oferecida pela COP 30.
“Durante a COP 30 o maior divulgador dos produtos será a nossa culinária extremamente conhecida e desejada pelos participantes, e precisamos informá-los que todos ingredientes vêm de áreas da agricultura familiar, como é o caso do tacacá, pato no tucupi, farinha, tapioca e beiju, todos derivados da mandioca, principal produto da agricultura familiar”.
Para ele, a medida amplia as oportunidades para a produção local e valoriza quem os produz:
“É um momento especial para todos nós, fora que a valorização ajuda a nutrir um orgulho especial em ser daqui”, diz.