O Pará registrou uma redução de 37% no número de focos de incêndio no primeiro semestre de 2025, em comparação com os seis primeiros meses do ano passado. Normalmente nas primeiras posições deste ranking, o estado sede da COP30 aparece agora em quinto lugar, com 1.203 registros no período contra 1.904 casos de 2024 . Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), coletados por meio de satélite.
No Brasil, a redução foi ainda maior: 46%. De acordo com o Inpe, no país, foram registrados 19.277 focos de fogo de janeiro a junho de 2025, ante 35.938 focos no primeiro semestre de 2024.
A tendência de queda foi verificada também pelo Laboratório de Aplicações de Satélites (Lasa) da UFRJ, que mostra uma redução de 47% no país na mesma comparação. Entre 1º de janeiro e 23 de junho deste ano, houve 17.608 focos de calor contra os 33.368 registrados no mesmo intervalo um ano antes.
“A expectativa é que neste ano a gente tenha menos incêndios do que no ano passado. Porém, é o terceiro ano seguido com chuvas abaixo da média, então estamos com todos os esforços voltados para melhorar o sistema [de proteção] e implantar efetivamente a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que é a grande novidade do ano passado para cá”, explicou à Folha de S.Paulo o secretário de controle do desmatamento do MMA, André Lima, para quem a redução é resultado das medidas implementadas pelo governo após a crise do fogo de 2024.
Diferentemente de junho de 2024, quando a seca antecipada provocou um aumento acentuado nos incêndios florestais – situação comum apenas no segundo semestre –, o cenário deste ano é bastante positivo. Nos primeiros quinze dias de junho de 2025, a área queimada no Brasil foi de 91,3 mil hectares (ha), uma redução expressiva de 87% em comparação aos 703,8 mil ha registrados no mesmo período do ano passado.
Enquanto em junho de 2024 todos os biomas brasileiros apresentaram alta nos incêndios, em 2025 a situação é outra. Biomas como Pampa, Mata Atlântica e Pantanal – este último, o mais devastado pelo fogo nos seis primeiros meses de 2024 – não registraram nenhum hectare de área queimada até agora em junho. Na Amazônia, Caatinga e Cerrado, a queda nos índices de áreas queimadas foi de aproximadamente 80%.
Mas é bom lembrar que o período mais crítico para os incêndios florestais ainda está por vir, como bem lembra Lima.
“Não posso comemorar, porque de fato a seca vai começar agora em julho, agosto e vai até setembro, outubro. Certamente teremos incêndios em todos os biomas, mas a expectativa é que, em função do fator climático mais próximo do normal, a gente tenha menos incêndios”.