Os primeiros meses do ano são marcados pelo aumento da frequência e intensidade das chuvas na Amazônia. Geralmente, nessa época, também são registradas as menores taxas de desmatamento e queimadas. Porém, em 2025, a região registrou alta do desmate em abril, com aumento de 55% em relação ao mesmo mês do ano passado, atingindo 270 km².
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta quinta-feira, 8, mostram que neste período a devastação foi concentrada nos estados do Amazonas (108 km²), Mato Grosso (94 km²) e Pará (37 km²). No estado, a alta foi de 32% no comparativo entre abril deste ano e abril de 2024, quando a área desmatada foi de 25 km².
A alta, depois de meses de queda no desmate, levou o governo federal a realizar uma reunião da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento (CIPPCD), que reúne 19 ministérios e órgãos convidados sob a presidência da Casa Civil. O objetivo foi discutir medidas para intensificar a fiscalização e a responsabilização (administrativa, civil e criminal) para coibir o desmatamento ilegal na região.

“Como foi encontrada essa alta em abril, nós estamos com todos os sinais de alerta buscando fazer ajustes nas ações que são levadas a cargo do plano [de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia (PPCDAM)]”, declarou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em coletiva de imprensa realizada em Brasília (DF).
De acordo com a análise da pasta sobre os dados do Inpe, os números indicam que o desmatamento na Amazônia continua em trajetória de queda considerando o ano Prodes, porém com reduções menos expressivas. De agosto de 2024 a abril de 2025, foram 2.542 km² sob alerta na Amazônia, o que representa uma diminuição de 5% em relação ao período anterior.
Já nos quatro primeiros meses deste ano, a queda foi de apenas 1%, passando de 681 km² em 2024 para 672 km². Esse quadro de estabilidade ou de uma possível alta é um desafio para o governo que diz que deve intensificar as ações de combate aos crimes ambientais e traçar novas estratégias para manter os bons resultados.
Queimadas
Outra preocupação é com os índices de queimadas que continuam elevados. De agosto do ano passado a abril deste ano, a Amazônia acumulou 44.086 focos de incêndios, enquanto que no período anterior o fogo atingiu 16.805 focos. A questão é crítica já que áreas degradadas também ficam mais vulneráveis a registrar mais desmate.
“Fizemos questão de vir aqui exatamente para fazer o devido ajuste e colocar para a sociedade brasileira o quanto o governo está comprometido, a partir da articulação de 19 ministérios, com as medidas necessárias, que estão já sendo debatidas na Casa Civil, para que sigamos levando o desmatamento para baixo e cheguemos ao desmatamento zero em 2030”, destacou Marina Silva.