Já imaginou poder conhecer mais da Amazônia com passeio na floresta nativa, banho de igarapé e contato com as populações tradicionais? Isso é possível na aldeia Vista Alegre do Kapixauã, na terra Indígena Kumaruara, na região do Baixo Tapajós, onde 30 famílias comandam um projeto de ecoturismo que trouxe novas perspectivas de desenvolvimento para a comunidade.
De acordo com a cacica Irenilce Batista Souza, escolhida pelo povo Kumaruara para liderar o território há sete anos, o trabalho com turismo na região já tem cerca de 25 anos, mas ocorria sem a estrutura necessária. Em 2024, a comunidade inaugurou a pousada “Uka Suri”, que trouxe melhorias para a recepção dos turistas.
A pousada, financiada com recursos do Fundo Amazônia, tem cozinha equipada, área de alimentação, banheiros, quartos e redários. Além disso, o trabalho recebeu apoio do projeto Projeto Floresta+ Amazônia, que garantiu a compra de novos equipamentos para a oferta de passeios aquáticos na aldeia.
O dinheiro recebido com as hospedagens, alimentação, trilhas e passeios é dividido igualmente entre todas as famílias envolvidas no projeto, que se revezam no trabalho de responsabilidade coletiva.
“Trabalhamos em forma de rodízio entre as famílias e todas ganham do turismo. A gente já participou de curso de culinária, de manipulação de alimentos, porque para trabalhar no empreendimento tem que estar capacitado. Depois vamos ter curso de guia de turismo, queremos também o de inglês”, diz a cacica Irenilce, ressaltando a busca de profissionalização na comunidade.

As formações são ofertadas pelo projeto Saúde e Alegria e incluem temas de interesse para a gestão do negócio e a preservação da floresta, como os mecanismos de REDD+, créditos de carbono e os impactos das mudanças climáticas na região, que já afetam também a atividade turística na aldeia.
“A mudança climática está cada vez avançando mais e isso só prejudicou a gente. Ficou muito quente, morreu muita planta, inclusive as que a gente regava e que davam frutas. Nosso roçado ficou seco. Muitos familiares ficaram sem mandioca. O clima mudou muito para nós. Até para o turismo isso piorou: passamos metade do verão tendo que buscar os turistas lá na ponta, porque não dava para pegar lancha”, conta a cacica.
Apesar dos desafios, a comunidade vê com otimismo o potencial do ecoturismo e pretende investir mais na área, aproveitando os atrativos do Baixo Tapajós e a visibilidade que a COP30 deve trazer para o estado. Para Irenilce Souza, a expectativa é avançar na conservação da região e realizar o desejo de “ver minha aldeia crescer”.