A pecuária do Pará ganha um novo impulso com as negociações entre Brasil e China para a criação de um protocolo bilateral de certificação e rastreabilidade de produtos agropecuários. A iniciativa busca fortalecer as exportações para o mercado chinês e valorizar a sustentabilidade e o estado com seu arrojado programa próprio de rastreabilidade deve se beneficiar disso.
O Sistema Oficial de Rastreabilidade Bovídea Individual do Pará (SRBIPA) prevê que a identificação individual e a rastreabilidade do gado paraense tenham suas etapas de implantação concluídas até dezembro de 2026.
Com foco também na soja, o acordo, segundo reportagem da Folha, prevê que produtos brasileiros com selos de sustentabilidade serão oficialmente aceitos pelas autoridades e empresas chinesas. Isso permitirá que produtos nacionais sejam exportados com selos de sustentabilidade, como “carne carbono neutro” e “soja de baixo carbono”.
O acordo prevê o alinhamento de metodologias para medir emissões, uso do solo, manejo ambiental e bem-estar animal. A intenção é que selos brasileiros, como os desenvolvidos pela Embrapa (Carne Carbono Neutro – CCN e Carne Baixo Carbono – CBC), sejam aceitos oficialmente na China como prova de sustentabilidade. A validação desse protocolo pode facilitar as exportações, valorizar os produtos e reduzir barreiras comerciais não tarifárias.
As medidas visam integrar sistemas digitais de rastreabilidade, permitindo que a origem e as práticas ambientais dos produtos sejam verificadas por meio de QR Codes.
A comitiva do Ministério da Agricultura (Mapa) discutiu a proposta durante uma missão oficial à China em junho. A comitiva contou com representantes da Embrapa e da ApexBrasil. Reuniões foram realizadas com o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China e a Academia Chinesa de Ciências Agrárias para definir uma agenda técnica de cooperação em sustentabilidade agrícola.
A estatal chinesa Cofco Meat Investment, por exemplo, já demonstrou interesse em importar carne brasileira com certificação sustentável, o que seria uma oportunidade estratégica para os produtores nacionais.
A iniciativa, de grande importância para a economia brasileira, ganha ainda mais relevância com o aumento de 50% nas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o que fortalece a busca por novos mercados e a valorização de práticas sustentáveis na produção nacional.
O acordo permitirá que a carne paraense seja oficialmente certificada como sustentável, ampliando as portas de exportação para o maior mercado importador de carne, que é a China.
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