Por Paloma Lobato
Como parte da estratégia nacional de enfrentamento às mudanças climáticas, o governo federal lançou o Plano Setorial de Transporte e Logística dentro do Plano Clima, com o objetivo de promover uma transição sustentável no setor que mais emite gases de efeito estufa no País. A proposta prevê ações para reduzir as emissões do transporte terrestre, aéreo, aquaviário e ferroviário, fortalecendo o compromisso do Brasil com a neutralidade de carbono até 2050.
A discussão ganha ainda mais relevância diante da realização da COP30, em Belém, em novembro deste ano. A capital paraense, porta de entrada da Amazônia e com histórico de desafios urbanos, será o epicentro das negociações climáticas globais, além de vitrine para soluções em mobilidade sustentável.
Desafios e soluções no transporte urbano
No contexto do Plano Clima, o setor de transportes é apontado como prioritário para descarbonização. As diretrizes incluem a eletrificação da frota de ônibus, o uso de combustíveis renováveis, a expansão de modais ferroviários e hidroviários, além do incentivo ao transporte coletivo e à logística verde nas cidades.
No Pará, essas diretrizes já começam a sair do papel. O estado vem investindo em ações que visam integrar diferentes modos de transporte. Um exemplo disso é a modernização da frota de ônibus da Região Metropolitana de Belém, incluindo veículos elétricos e movidos a gás natural, tornando-se uma das maiores frotas elétricas de transporte público do País. A frota conta 265 ônibus, sendo 40 elétricos destinados ao sistema BRT e 225 equipados com motores Euro 6,
O moto Euro 6 é um conjunto de normas estabelecidas pela União Europeia que regulamentam a emissão de poluentes por motores a diesel, com o objetivo de reduzir a poluição do ar e promover a sustentabilidade no transporte.
“Isso é extremamente importante porque, em um ano de COP, nós estamos fazendo uma contribuição significativa em termos de emissões. Não só pelos veículos elétricos, cuja recarga tem impacto ambiental praticamente nulo do ponto de vista de matriz energética, mas também porque todos os outros ônibus, que são a diesel, possuem motor Euro 6”, destaca o diretor de Controle Financeiro e tarifário da Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon), Claudio Conde.
Além disso, a capital paraense aposta em patinetes elétricos compartilhados, o que representa uma solução ágil, prática e sustentável para o deslocamento em áreas urbanas, com destaque para o centro da cidade. O serviço, que vai oferecer 600 patinetes elétricos para uso da população, é pioneiro na região Norte e reforça o papel da cidade como um centro de inovação urbana e compromisso com a agenda climática. Essas ações se somam a um sistema de transporte público que busca mais eficiência, menos emissões e maior inclusão social.

BRT Metropolitano
Outro investimento que vem transformando o transporte na capital paraense é o BRT Metropolitano de Belém, sistema de transporte por ônibus rápidos. Com cerca de 85% das obras finalizadas e extensão de 10,8 km ao longo da BR-316, ligando Belém a Marituba, o BRT sinaliza uma revolução na mobilidade urbana, representando o maior investimento em transporte público dos últimos anos na região.
O sistema contemplará 26 estações de passageiros e terminais de integração, além de passarelas, túneis, ciclovias, calçadas acessíveis e um Centro de Controle Operacional (CCO), facilitando o deslocamento de cerca de 2 milhões de habitantes entre Belém, Ananindeua e Marituba, com integração tarifária e modais alimentadores. O objetivo é reduzir significativamente o tempo de viagem, desafogar o trânsito na BR-316, além de elevar a qualidade do transporte público urbano.
Desafios
Apesar dos esforços, Belém enfrenta o desafio da mobilidade em um território marcado por alagamentos, trãnsio caótico, clima úmido e estrutura urbana desigual, o que exige soluções adaptadas à realidade amazônica. Por isso, o plano setorial visa não apenas reduzir impactos ambientais, mas também tornar o transporte mais acessível, seguro e resiliente.
A COP30 será um momento estratégico para o Brasil apresentar seus avanços no setor de transportes, mostrando como é possível alinhar desenvolvimento urbano e justiça climática. Para Belém, o evento representa mais do que uma visibilidade internacional: é a chance de consolidar um novo modelo de cidade amazônica, que valoriza o transporte público sustentável e integra soluções inovadoras com base na realidade regional, adotando uma nova lógica de mobilidade, mais limpa, mais justa e mais integrada ao território.
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