Uma das estratégias possíveis para lucrar com a preservação das florestas tropicais é transformá-las em ativos econômicos e climáticos. Este é o tema abordado em um estudo divulgado pelo Climate Policy Initiative (CPI), ligado à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
O levantamento apresenta o Mecanismo de Reversão de Desmatamento (Reversing Deforestation Mechanism – RDM), que pode gerar até US$ 100 bilhões em receitas anuais para países com florestas tropicais. E o Pará, segundo os dados, pode ser o maior beneficiário da estratégia no país, com o potencial de gerar uma receita de até US$ 292 bilhões ao ano, por concentrar o maior potencial nacional de captura de carbono pelo RDM.
Isso porque, de acordo com o CPI, o Pará concentra o maior desmatamento acumulado (21,9 milhões de hectares entre os anos de 1985 e 2024) e, por consequência, o maior potencial de captura de carbono. Logo, restaurar as áreas desmatadas nessas regiões pode impulsionar a economia e, ao mesmo tempo, proteger a floresta.
“A COP30 representa uma oportunidade histórica de colocar as florestas no centro da solução climática global. O Brasil tem a chance de mostrar ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento e conservação, oferecendo, por meio da restauração em larga escala, uma resposta concreta à crise do clima e um novo caminho econômico para a região amazônica”, diz Beto Veríssimo, Enviado Especial para Florestas da COP30.
O que é e qual a importância do RDM
O RDM é um instrumento desenvolvido por pesquisadores do Climate Policy Initiative/PUC-Rio para analisar as dinâmicas das florestas tropicais em 91 países, assim como suas tendências de desmatamento, cobertura florestal e oportunidades de restauração.
O RDM foi originalmente concebido após convocação do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, para um conselho de economistas que contribuísse com as dimensões econômicas da conferência, incluindo o “Roteiro de Baku a Belém para 1,3T” e a Agenda de Ação da COP30.
“O RDM trata a regeneração florestal como um ativo econômico de alto valor, capaz de gerar receita e benefícios climáticos simultaneamente. Ao alinhar políticas e recursos financeiros, o mecanismo preenche uma lacuna central no financiamento da restauração em larga escala. Com isso, o Brasil tem a chance de se afirmar como líder climático global, transformando a restauração da Amazônia em vetor de desenvolvimento e de valorização de seu maior patrimônio natural: a floresta”, afirma Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio e um dos autores do estudo.


