A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (BRB) já mobilizou US$ 2,6 bilhões para iniciativas voltadas à recuperação ambiental e ao desenvolvimento da bioeconomia no país. O montante representa cerca de 26% da meta de US$ 10 bilhões que a coalizão pretende atingir até 2030.
Com o objetivo de usar os recursosà restauração em larga escala de ecossistemas brasileiros e ao fomento de uma economia sustentável baseada na natureza, com foco especial na Amazônia, a iniciativa foi lançada oficialmente durante a Cúpula do G20 no Brasil, em novembro de 2024
A BRB reúne atualmente 23 instituições e empresas dos setores público e privado. Desde então, já foram restaurados ou protegidos dois milhões de hectares de florestas em diversos biomas, reforçando o compromisso do país com uma economia de baixo carbono e com resultados positivos para o meio ambiente.
Entre suas metas principais, a coalizão busca restaurar e conservar ao menos cinco milhões de hectares até o final da década, promover Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para capturar ao menos uma gigatonelada de CO₂ até 2050 e destinar US$ 500 milhões a projetos liderados por povos indígenas e comunidades tradicionais, especialmente na região amazônica. As ações estão alinhadas com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) firmadas pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris.
Como parte de suas estratégias, a BRB lançou recentemente o estudo “Mapeamento de Povos Indígenas e Populações Tradicionais, Fundos Comunitários e Organizações Facilitadoras”. A publicação visa orientar investidores interessados em apoiar a bioeconomia comunitária no Brasil e impulsionar a meta de financiamento voltado às comunidades tradicionais.
O levantamento identificou 37 organizações com alto potencial de impacto climático e socioambiental, cujas necessidades de financiamento variam de R$ 100 mil a R$ 300 milhões por projeto. Muitas dessas organizações estão localizadas na Amazônia e têm potencial para capturar até duas toneladas de CO₂ por hectare ao ano.
Dificuldade em acessar recursos
Apesar do protagonismo das comunidades indígenas e tradicionais na conservação da biodiversidade e na captura de carbono, o estudo aponta que essas iniciativas ainda enfrentam sérios desafios para acessar recursos financeiros. Entre as recomendações, destacam-se o fortalecimento de fundos comunitários, a criação de linhas de financiamento de longo prazo e a integração dessas iniciativas nas estratégias de financiamento climático de governos e investidores privados.
Segundo Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservation International no Brasil e um dos membros da coalizão, os resultados já obtidos demonstram o potencial do Brasil para liderar uma nova era de financiamento climático e restauração ambiental.
“A coalizão é uma poderosa demonstração do potencial que o Brasil possui para liderar uma nova era de financiamento climático e restauração florestal”, afirma Bianco. “Apesar dessa confirmação tão animadora de que já estamos a mais de um quarto do caminho para nossa meta, isso é apenas o começo. Esperamos apoiar os membros da coalizão na ampliação dos investimentos e na entrega de resultados concretos antes da COP30, em Belém”, complementa.
A Coalizão BRB surge como uma iniciativa estratégica em um momento em que o Brasil busca se posicionar como líder global em soluções ambientais e no financiamento da transição para uma economia mais verde e inclusiva.
O documento recomenda fortalecer fundos comunitários, criar linhas de financiamento de longo prazo e incluir empreendimentos comunitários nas estratégias de financiamento climático, visando ampliar a contribuição dessas comunidades para a preservação dos ecossistemas e a mitigação das mudanças climáticas.
Coalizão BRB
Formada por 23 instituições dos setores público e privado, a Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (BRB) tem como meta mobilizar US$ 10 bilhões até 2030. O objetivo é acelerar a conservação ambiental e a restauração de florestas em todo o país.
A iniciativa prevê o apoio a projetos que visam restaurar pelo menos cinco milhões de hectares de vegetação nativa, promover o sequestro de uma gigatonelada de CO₂ até 2050 e investir US$ 500 milhões em ações voltadas a povos indígenas e comunidades tradicionais, com ênfase na região amazônica.
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