Um boleto gigante, estampado com o valor simbólico de R$ 1,6 trilhão, foi instalado nesta semana na Avenida Paulista, em São Paulo, para chamar a atenção para a dívida climática dos países mais ricos com os povos e territórios do Sul Global. A “data de vencimento” no boleto é uma provocação direta: 525 anos, o tempo desde o início da colonização das Américas.
A ação faz parte da campanha “A Gente Cobra – Financiamento Climático Direto para Quem Cuida da Floresta”, organizada pela Aliança dos Povos pelo Clima, que foi oficialmente lançada na terça-feira (28). A mesma manifestação, que exibe um boleto de até oito metros de largura, também foi realizada em Brasília, Recife, Santarém e na região do Xingu, e marca o início da jornada da Aliança na COP30, que acontece de 10 a 21 de novembro, em Belém.
A iniciativa defende um novo modelo para o uso dos recursos climáticos, argumentando que eles devem ser direcionados diretamente a povos e comunidades tradicionais. O modelo deve ser baseado em princípios de confiança, corresponsabilidade e regras simplificadas que reconheçam as realidades locais.
“A gente já sabe o que tem que fazer, sabe o que pode evitar o colapso e fazer regredir a temperatura, mas isso vai depender de financiamento e de interesse político e internacional. Temos que conseguir direcionar os fundos de financiamento climático para quem exatamente está protegendo (esses biomas)”, disse Jonaya de Castro, que integra o coletivo Unidos pelo Clima, à Agência Brasil.
Entre as principais reivindicações do movimento estão:
- Destinação Direta: que 50% dos fundos climáticos sejam destinados diretamente às comunidades.
- Participação Decisória: garantia de participação deliberativa em conselhos de fundos importantes, como o Tropical Forests Forever Facility (TFFF) e o Fundo de Perdas e Danos (FRLD).
- Fundos Autônomos: fortalecimento de fundos comunitários que sejam autônomos.
- Taxação Global: implementação de uma taxação global sobre grandes fortunas e lucros excessivos para financiar a ação climática.


