Os líderes das 11 maiores economias emergentes do mundo consolidaram, na 17ª Cúpula do BRICS, um compromisso com a sustentabilidade e o fortalecimento do multilateralismo (cooperação entre os países). A Declaração Conjunta, cujo lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável” ressoa em um cenário geopolítico complexo, revela a ambição do bloco em defender o direito internacional e buscar uma ordem global mais equitativa.
O documento é o ápice de meses de intensa articulação, que resultaram em mais de 200 reuniões e na criação ou fortalecimento de cerca de 200 mecanismos de cooperação. Áreas vitais como combate à fome, mudanças climáticas e tecnologias emergentes foram contempladas, demonstrando a amplitude da agenda do BRICS.4.
Os 126 compromissos do documento abrangem governança global, finanças, saúde, inteligência artificial, mudanças climáticas, entre outros temas estratégicos
Em um movimento estratégico e de grande relevância para a COP30, que será sediada em Belém em novembro de 2025, os países do BRICS reconheceram o Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF) como um mecanismo inovador para mobilizar financiamento de longo prazo para a conservação das florestas tropicais.
O bloco incentivou a realização de doações ambiciosas por potenciais parceiros, sinalizando um novo patamar de engajamento financeiro na agenda climática.
A declaração não se limitou ao TFFF. Ela lançou uma “Declaração-Marco na área de clima”, um verdadeiro mapa do caminho para, nos próximos cinco anos, transformar a capacidade coletiva do BRICS de levantar recursos contra a mudança climática.
“Com a escala coletiva do BRICS, lutaremos contra a crise climática deixando nossas economias mais fortes e mais justas”, pontua o documento, reforçando a interligação entre desenvolvimento econômico e resiliência climática.
Espírito BRICS
Entre os 126 compromissos que os líderes do BRICS formalizaram, um dos mais importantes é a reafirmação dos princípios que guiam o bloco. Esses princípios, chamados de “espírito do BRICS”, incluem a consideração e o entendimento recíprocos, a igualdade entre nações soberanas, a união, a democracia, a transparência, a participação de todos, a ação conjunta e a concordância nas decisões.
“Tomando por base as Cúpulas do Brics nos últimos 17 anos, estendemos o compromisso de fortalecer a cooperação no Brics expandido sob os três pilares de cooperação, política e de segurança; econômica e financeira; e cultural e interpessoal, bem como de aprimorar nossa parceria estratégica em benefício de nossos povos por meio da promoção da paz, de uma ordem internacional mais representativa e justa, de um sistema multilateral revigorado e reformado, do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo”, é o que diz um dos 126 compromissos assumidos pelos líderes.
Os países concordaram que, diante das realidades contemporâneas de um mundo multipolar, é fundamental que os países em desenvolvimento fortaleçam seus esforços para promover diálogo e consultas com vistas a uma governança global mais justa e equitativa e relações mutuamente benéficas entre as nações.
“Destacamos a importância do Sul Global como motor de mudanças positivas, especialmente diante de significativos desafios internacionais, incluindo o agravamento das tensões geopolíticas, a desaceleração econômica e transformações tecnológicas aceleradas, medidas protecionistas e desafios migratórios”.