Os territórios indígenas estão ajudando a combater doenças, beneficiando o ecossistema e a saúde da população brasileira, segundo informações da Amazônia Real. A pesquisa abrange todos os estados da Amazônia Legal e os territórios indígenas neles inseridos. O estudo “Proteger os territórios indígenas da Amazônia brasileira reduz as partículas atmosféricas e evita os impactos e custos associados à saúde”, comandado pela pesquisadora do Ecohealth Alliance, Paula Prist,
“A gente tenta mostrar que a floresta em pé, a floresta protegida pelos povos indígenas, vale muito mais do que no chão, do que desmatada. E que a nossa saúde, o nosso bem estar, estão intimamente ligados à conservação dessas regiões”, explicou a cientista, durante uma coletiva online realizada para marcar o lançamento da pesquisa.
Segundo a pesquisadora, a floresta Amazônica tem a capacidade de absorver vinte seis mil toneladas de um poluente, que é extremamente nocivo, e que é liberado todos os anos, durante o período das queimadas, na estação seca. Trata-se de partículas em suspensão, chamadas de PM2.5, que têm sido associadas a doenças e a mortes causadas por doenças cardíacas ou pulmonares.
Paula Prist afirmou que, hoje, os territórios indígenas, que ocupam apenas 22% do território da Amazônia Legal, respondem pela retirada de circulação de 27% da partícula PM2.5. que é lançada no ar, durante o período das queimadas.
O estudo mostra que, por conta desse papel importante na absorção desses poluentes, as florestas que são protegidas pelos povos indígenas, teriam a capacidade de evitar nada menos do que 15 milhões de casos de infecções relacionadas a esse poluente que causa as chamadas doenças ocasionadas pelo fogo.
A pesquisadora disse que a manutenção dos territórios indígenas, preferencialmente regularizados pelo governo brasileiro, evitaria uma despesa anual de aproximadamente 2 bilhões de dólares (10 bilhões de reais) ao sistema público de saúde, o que equivale aos custos nos tratamentos de doenças causadas pelas queimadas.
“Toda vez que a gente desmata esses territórios ou a gente coloca os territórios em risco, a gente vai ter um efeito negativo para a nossa própria saúde. Conservar esses territórios é uma questão de saúde pública e a gente tem que começar a olhar para isso o quanto antes e o mais rápido possível.”
O líder indígena e coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Dinamam Tuxá, reforçou a urgência do governo brasileiro de iniciar as demarcações de terras indígenas, sobretudo as mais ameaçadas por impactos vindos de garimpo, invasões e retirada de madeira.
“Nesses primeiros 100 dias (de governo) inclusive foi objeto de campanha do presidente Lula. Não são só 13 territórios anunciados pela equipe de transição, no começo da gestão, mas nós mesmo estamos cobrando que são 14, já tem documentação comprovando que são 14 terras Indígenas que estão aptas a serem demarcadas”, apontou Dinamam.