Por Fabrício Queiroz
Áreas de campos alagáveis, savanas, manguezais, praias paradisíacas, florestas densas e comunidades cercadas pelos rios e a natureza são algumas das diversas paisagens que a Amazônia abriga dentro do arquipélago do Marajó. Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Pará Terra Boa está destacando em uma série de reportagens pessoas que ajudam a cuidar da Amazônia, promovendo, por exemplo, um turismo responsável, que ajuda na conservação e no fortalecimento do desenvolvimento sustentável na região.
As belezas naturais são atrativos onde quer que existam, porém o histórico de negócios de turismo de massa mostra que a chegada de muitos visitantes pode trazer muitos prejuízos. O aumento da poluição, a construção de empreendimentos que geram devastação e outros impactos ambientais, a contaminação de rios e a perda de biodiversidade são apenas alguns dos problemas que ocorrem em locais com grande movimentação turística.

Para guardiões da floresta, como a guia de turismo e técnica hoteleira, Andrea Scafi, esse não pode ser o perfil da atividade em uma região como o Marajó. Com mais de 14 anos de experiência no ramo, ela defende que a visita ao arquipélago deve ser vivida como uma experiência de conexão com a natureza, com a cultura e com a população marajoara.
“O Marajó sempre foi visitado, mas teve uma queda na procura. De 2016 para cá, a gente viu o avanço desse nome por iniciativa dos guias e agências locais, já que antes os roteiros eram feitos só por agentes de Belém que não tinham o conhecimento da nossa realidade. Hoje em dia, a demanda aumentou porque foi criada uma necessidade de visitar o Marajó, principalmente depois da pandemia, quando as pessoas passaram a buscar mais refúgios longe do estresse e das grandes cidades e mais perto da natureza”, conta.

Uma das formas de oferecer uma experiência diferente envolve a parceria com outros pequenos negócios locais, como barqueiros, fazendas e guias comunitários. A ideia é não só oferecer roteiros fora do comum e experiências mais típicas, mas também contribuir para a geração de renda nas localidades.
“Os moradores não se viam como protagonistas do setor. Eles achavam que só a grande fazenda ou a praia eram responsáveis pelo turismo e não imaginavam que um vendedor de camarão, por exemplo, está inserido nessa rede e é parte do Marajó que queremos mostrar”, diz Andrea.
Com foco de atuação nos municípios de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari, Andrea oferece roteiros personalizados que abrangem o patrimônio histórico, o turismo religioso, as tradições culturais e, claro, a diversidade da Amazônia marajoara.
Entre as atrações estão a extração e a degustação do turu na Reserva Extrativista Marinha (Resex) de Soure, passeio pelo Rio Paracauari, a visita à rota das vilas pesqueiras, o passeio em fazendas de criação de búfalos e uma trilha suspensa pelo manguezal.
“O nosso grande diferencial é falar desde a área geográfica, histórica e social dentro do contexto do turismo do Marajó. Nosso trabalho é para mostrar um Marajó acolhedor onde se envolve com a natureza, se contempla a praia, se faz montaria no búfalo, se dança carimbó e se vive em comunidade”, destaca a guia.