A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos pode afetar a economia do setor madeireiro do Pará, que depende em grande parte do mercado norte-americano para suas exportações. Só em 2024, o estado exportou US$ 97 milhões em madeira para os EUA, dentro de um total de US$ 241 milhões em produtos florestais. As informações são de O Liberal.
A forte dependência de um único mercado deixa o setor vulnerável a mudanças na política comercial. O impacto não será apenas financeiro, mas também poderá comprometer práticas sustentáveis e a manutenção de empregos na região.
Diante disso, o setor tenta diversificar os destinos da madeira paraense. Já há iniciativas para ampliar as vendas para Europa, Ásia e Caribe – mercados que exigem mais investimento em marketing e parcerias estratégicas.
Deryck Martins, diretor executivo da Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará), explica que a FIEPA (Federação das Indústrias do Estado do Pará) tem incentivado a participação em feiras internacionais e buscado parcerias com importadores dessas regiões.
“Este ano, inclusive, temos uma missão para a China, que pode ser um mercado promissor”, destaca Martins.
Sustentabilidade pode ser prejudicada
Além do impacto financeiro, o custo extra pode dificultar o uso de práticas sustentáveis. Para seguir competitivas, algumas empresas podem recorrer a matérias-primas mais baratas e menos ecológicas.
“O risco é que o mercado acabe substituindo madeira certificada por materiais de pior qualidade ambiental”, alerta Martins.
A preocupação se estende a toda a cadeia de produção: desde pequenos fornecedores até grandes exportadoras podem ser afetados, com risco de queda nas vendas, demissões e dificuldades para o manejo florestal sustentável – que depende da receita da madeira para manter a preservação das florestas.
Em todo o Brasil, os EUA compraram US$ 1,6 bilhão em produtos florestais em 2024, sendo a madeira o principal item, com mais de 40% das exportações do setor.
Para tentar barrar o impacto, entidades como a FIEPA e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) articulam ações diplomáticas e jurídicas junto ao governo brasileiro para contestar a nova tarifa.