A rastreabilidade bovina foi um dos principais temas do setor pecuário em 2025, com destaque especial para a atuação do Pará. Embora o governo estadual tenha anunciado recentemente a ampliação do prazo de adesão à rastreabilidade bovina e bubalina até 2030, o estado permanece na vanguarda a nível nacional, já que o prazo nacional encerra somente em 2033.
Com o segundo maior rebanho bovino do Brasil, o Pará tem uma grande oportunidade nas mãos: usar seu protagonismo para transformar a rastreabilidade em política pública capaz de resolver problemas antigos e impulsionar uma pecuária mais eficiente, transparente e competitiva.
Esse é um dos temas abordados no Estudo sobre Incentivos à Rastreabilidade na Pecuária do Pará, lançado pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS) no início de dezembro. A pesquisa foi desenvolvida com apoio técnico da Agroicone e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O estudo destaca que a rastreabilidade não deve ser vista apenas como uma exigência técnica ou de mercado. Ela pode ser uma ferramenta para integrar políticas públicas, facilitar a regularização ambiental, melhorar o acesso ao crédito, organizar a governança fundiária e inserir os produtores em um sistema de produção mais moderno.
A presidente da Mesa Brasileira, Ana Doralina Menezes, afirma que a integração de políticas públicas concretas e da participação ativa de governo, indústria e produtores pode ajudar a implementar um ‘ciclo virtuoso’ que viraria modelo nacional.
“O Pará reúne uma combinação de desafios que justificam sua priorização. Com mais de 2,6 milhões de hectares passíveis de intensificação e cerca de 70 mil imóveis rurais, o estado tem condições de acelerar ganhos de produtividade e fortalecer a governança territorial. Ao mesmo tempo, a realidade de muitos pecuaristas ainda é marcada por insegurança jurídica, escassez de assistência técnica e dificuldades de adequação às normas socioambientais, o que reforça a necessidade de incentivos bem estruturados”, detalha a presidente.
O estudo também lembra que, apesar da importância do Pará para a pecuária nacional, o estado ainda enfrenta problemas como baixa produtividade, presença de propriedades em áreas sensíveis, excesso de regras ambientais e sanitárias, além de pouco acesso a crédito e assistência técnica.
Uma solução sugerida pelos pesquisadores é criar uma plataforma integrada de rastreabilidade. Ela reuniria informações sobre origem, situação ambiental e movimentação dos animais. Isso ajudaria a melhorar a assistência técnica, reduzir custos e aproximar os produtores de crédito, certificações e mercados mais exigentes.
A palavra final do estudo indica que associar rastreabilidade ao acesso a políticas de crédito, regularização fundiária e certificação socioambiental pode levar o Pará a aumentar produtividade, recuperar pastagens degradadas, promover práticas sustentáveis e viabilizar o acesso de seus produtores ao mercado premium com maior valor agregado e contribuindo para uma governança territorial e ambiental mais eficiente.


