O quinto dia da COP30 começou com protesto de cinco povos da Amazônia, que bloquearam a entrada principal da Zona Azul. Os manifestantes exigiam uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pediam a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que criou o Plano Nacional de Hidrovias. Além disso, eles protestaram contra grandes empreendimentos em seus territórios, pediram a suspensão da Ferrogrão e reforçaram a demanda pela demarcação de terras indígenas.
A situação foi contornada pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e pela diretora executiva da conferência, Ana Toni, que reuniram-se com as lideranças.
Faz parte da democracia
Ana Toni afirmou, mais tarde, que as manifestações de grupos indígenas na COP30 fazem parte de um país com uma democracia forte, como é o Brasil, e que suas reivindicações são legítimas e não comprometeram o andamento das negociações. “Se fosse em São Paulo ou Brasília não teríamos indígenas participando dessa forma. Aqui, eles são protagonistas”, disse.
Sobre as negociações
Esta sexta-feira (14), aliás, foi marcada por anúncios e articulações políticas essenciais, focadas na transição justa, na expansão de energias renováveis e no fortalecimento das cadeias globais de combustíveis sustentáveis, segundo o blog Tá Lá na COP30, do Instituto Talanoa. As discussões avançaram na construção de compromissos multilaterais e definiram prioridades para acelerar a implementação dessas ações, ainda nesta década.
Entre as iniciativas, 23 países assinaram o Compromisso de Belém, que visa quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis. A coordenadora-geral da Agenda de Ação da COP30, Bruna Cerqueira, ressaltou que a inclusão de “combustíveis sustentáveis” nas discussões oficiais é inédita, afirmando que a proposta brasileira foi muito bem recebida e deverá ganhar escala.
Outro ponto importante foi a publicação da Belem Declaration on Global Green Industrialization, que reforça a urgência de acelerar a industrialização verde mundial. A declaração também retomou o debate sobre o futuro da energia no transporte marítimo, reconhecido como um dos setores mais desafiadores para a descarbonização.
Eco Invest
O governo lançou, na sexta-feira (14), o 4º Leilão do Programa Eco Invest Brasil. O principal objetivo é financiar projetos de turismo sustentável, bioeconomia e infraestrutura verde na região Amazônica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que as edições anteriores do Eco Invest já mobilizaram mais de R$ 70 bilhões em recursos públicos e privados para a transição ecológica. O leilão atual mantém o modelo de blended finance (financiamento misto), combinando capital público e privado para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Celebridade na COP30
O cantor e compositor Shawn Mendes veio à COP30, nesta sexta-feira, acompanhado de sua namorada, a ativista indígena equatoriana Helena Gualinga. Antes, ele teve um encontro com o cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó, num hotel da cidade. O artista canadense tocou violão para o grupo de kayapós que estava presente.
E o Fóssil do Dia vai para…
Os Estados Unidos, um dos grandes poluidores e ausentes das negociações climáticas na COP30, levaram o Fóssil do Dia, nesta sexta-feira. “As negociações podem avançar mais rápido sem os EUA bloqueando o progresso em justiça climática. Mas justiça não se constrói com ausência. O mundo precisa de presença, compromisso e contribuição – não de uma retirada estratégica”, disse a CAN, a idealizadora do “prêmio”.


