Com quase um mês de atraso, o governo federal lançou o portal oficial de reservas para a Conferência do Clima (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém (PA). A iniciativa pretende ampliar a oferta de hospedagens na capital paraense e conter os preços elevados que vinham sendo praticados desde que a cidade foi anunciada como sede do evento.
Apesar da medida, a recepção entre participantes internacionais foi marcada por críticas. Inicialmente, o sistema estará disponível apenas para representantes de 98 países considerados menos desenvolvidos ou insulares, com limite de diária de US$ 220, segundo os sites Climate Home e Um Só Planeta. Para os demais países, o teto será de US$ 600 por diária.
Apesar da tentativa de tornar a hospedagem mais acessível, os valores continuam sendo alvo de críticas, indicando que a acessibilidade financeira segue como um desafio para a realização da conferência em Belém. “Mesmo com o teto de US$ 220, ainda está muito acima do que a maioria dos nossos delegados pode pagar. E isso sem contar alimentação e transporte”, disse um representante do Timor-Leste.
Insatisfação
A escolha do governo brasileiro de priorizar 98 países menos desenvolvidos ou insulares no portal oficial de hospedagem da COP30, em Belém, gerou insatisfação entre outras nações, de acordo com reportagem do jornal O Globo. Delegações latino-americanas criticaram a decisão, destacando a exclusão da própria região que sediará a conferência da lista de países com acesso ao teto de US$ 220 nas diárias.
No continente africano, também houve contestação. Um negociador apontou disparidades nos critérios adotados, citando o caso do Quênia, incluído entre os beneficiados, apesar de apresentar uma renda per capita quase três vezes superior à da Nigéria, que ficou de fora. As críticas reforçam a cobrança por maior transparência e equidade no processo, para assegurar uma participação mais justa e representativa no evento climático.
Hospedagem em navios
Como parte da estratégia para ampliar a oferta de hospedagem durante a COP30, dois navios de cruzeiro, o MSC Seaview e o Costa Diadema, serão utilizados como hotéis flutuantes em Belém (PA). As embarcações atracarão no Porto de Outeiro, a cerca de 30 minutos de carro do local onde ocorrerá a cúpula do clima, e disponibilizarão, juntos, 3.900 cabines e 6.000 camas.
Segundo informações do jornal O Globo, para viabilizar a parceria com as empresas operadoras dos cruzeiros, o governo federal precisou oferecer uma garantia de R$ 259 milhões. Esse valor poderá ser repassado às companhias caso os navios fiquem com capacidade ociosa durante o evento, conforme o percentual de desocupação registrado.
O governo brasileiro vem implementando uma série de medidas a fim de minimizar as controvérsias e garantir o sucesso da COP30 na capital paraense. As ações buscam fortalecer a infraestrutura e a organização, além de promover maior acessibilidade para os participantes da conferência climática.
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