Faltando 21 dias para o início da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ilha de Mosqueiro, distrito de Belém, aposta em estratégias de hospedagem e mobilidade para atrair os participantes do evento. A ilha é um destino turístico tradicional de quem vive na Grande Belém, especialmente pela curta distância – é possível chegar em menos de duas horas de carro.
Graças aos atrativos, Mosqueiro registra alta taxa de procura e já conta com reservas de representantes de países como Madagascar, Argentina, Congo, além de integrantes de ONGs, governos e empresas brasileiras. Com 22 praias de água doce e gastronomia popular, o distrito se prepara para viver um momento inédito de visibilidade internacional.
Transporte climatizado e integração com a Blue Zone
Para facilitar o deslocamento até a Blue Zone, principal área dos diálogos oficiais da COP30, os governos federal e estadual firmaram uma parceria para oferecer um sistema especial de transporte coletivo. Linhas circulares vão operar entre as praias do Paraíso e da Vila, com paradas em pontos estratégicos, como Carananduba, Murubira e Chapéu Virado. Da vila principal, partirá uma linha direta para o Parque da Cidade, com parada única. Todos os veículos serão climatizados, para garantir conforto aos passageiros.
Emprego, renda e oportunidades para jovens da ilha
O empresário Paulo Louchard, que possui um hotel na praia do Ariramba, conta que contratou 102 trabalhadores que vivem na região e ofertou uma capacitação especial para o atendimento dos visitantes durante a COP30.
“Temos grupos vindo de vários continentes e nossa equipe está pronta para recebê-los com profissionalismo e hospitalidade”, afirma Paulo, que também diversificou a divulgação das acomodações usando plataformas como o Airbnb.

Ingrid Almeida, fluente em inglês, será responsável pelo atendimento a hóspedes estrangeiros. Para ela, a COP representa uma chance de crescimento profissional sem precisar deixar a ilha.
“Geralmente, o primeiro contato com eles é feito pelo WhatsApp, por mensagens de texto e ligações. Tem sido interessante porque, assim, tenho exercitado o idioma”, diz Ingrid.
Outro exemplo é Valter Ferreira, promovido a supervisor de equipe e entusiasmado com a expectativa de fidelizar os novos visitantes e oferecer a melhor experiência possível com a cultura local.
“Nosso foco é atender bem, porque queremos que esse visitante volte depois da conferência e traga mais gente”, conta Valter.
Turismo sustentável como diferencial competitivo
Com uma proposta alinhada à pauta ambiental, o empresário Otacílio Braga oferece hospedagem integrada à natureza em uma área de 30 hectares de floresta preservada. Seu hotel-fazenda, localizado na praia do Paraíso, conta com chalés ecológicos, energia solar e hortas orgânicas que abastecem a cozinha. Para ele, o turismo sustentável cria uma vantagem estratégica.
“O contato direto com a natureza é o que mais encanta quem chega ao hotel. Os hóspedes acordam com o canto dos pássaros e podem visitar a criação de galinhas caipiras e patos”, destacou Braga. No local, também é possível caminhar entre as plantações de frutas e hortaliças orgânicas que abastecem a cozinha do hotel e do restaurante. “O que não produzimos aqui, adquirimos da agricultura familiar da própria ilha”, garantiu Otacílio.

Tradição e sabor ao alcance dos visitantes
Em Mosqueiro, um dos grandes atrativos é a Tapiocaria da Vila, espaço conhecido por suas receitas passadas de geração em geração. Por lá, as barracas estão investindo em traduzir os cardápios para inglês, francês e espanhol, a fim de facilitar o fluxo de atendimento aos estrangeiros.

Lulu Kethlen, funcionária da barraca da ‘Dona Neném’, conta que começou na tapiocaria ajudando a mãe e, hoje, trabalha ao lado dos sobrinhos, mantendo viva a tradição familiar.
“O nosso diferencial é o uso de ingredientes regionais, como o doce de cupuaçu, o camarão, o jambu e a castanha-do-pará. Tudo vai da gente criar e valorizar a culinária paraense”, destacou.
A região já passou por uma temporada de grande movimento com o Círio de Nazaré, que traz aproximadamente dois milhões de visitantes ao ano durante o mês de outubro, mas a expectativa em novembro é repetir o sucesso, ou fazer ainda melhor: “Durante o Círio, já tivemos muito movimento e esperamos ainda mais com a conferência”, conta.