A Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop) publicou um balanço no último fim de semana apontando o aumento de delegações confirmadas na COP para 61. Ao todo, houve crescimento de 30% em relação ao balanço divulgado na semana passada, quando apenas 47 delegações confirmaram presença. A Secop atribui o avanço a criação de uma força-tarefa para combater os preços abusivos, mas o tema ainda é alvo de polêmicas, já que o número de confirmados não corresponde a metade dos 196 países esperados no evento que inicia daqui a 70 dias.
Em participação na Rio Climate Action Week, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, disse que houve sinalização positiva de mais países sobre as hospedagens em Belém na reunião de ministros e ministras da América Latina e Caribe no início da semana, no México, quando a logística para a conferência foi um dos temas abordados.
Ana Toni também contou que a força-tarefa anunciada pelo governo para facilitar a busca por acomodações, que inclui um atendimento especializado caso a caso, já está funcionando.
“Já melhorou bastante (a situação de hospedagem). Eu percebi isso na reunião de ministros e ministras da América Latina e Caribe que estávamos. A força-tarefa já está funcionando, as dúvidas dos países foram sanadas e eles já estão conseguindo as acomodações que precisavam. Então, eu espero que esse tema seja agora menos o foco do debate e que a gente possa finalmente chegar nos temas que tanto nos importam para o combate à mudança do clima”, disse Ana Toni, diretora-executiva da COP30.
Tensão na COP30
Na semana passada, houve uma reunião “muito tensa” entre o governo brasileiro e o bureau da UNFCCC para discutir o preço da hospedagem em Belém. O Brasil se recusou a dar mais subsídios para delegações de países ricos e defendeu que o valor máximo da diária subsidiada pela ONU — atualmente US$ 144 — fosse revisado para se alinhar aos preços de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Após o encontro, o representante do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gómez, um dos vice-presidentes do bureau, classificou as dificuldades de hospedagem como “insanidade e um insulto”. Em uma publicação no LinkedIn, ele afirmou que o Brasil teria dito que ele não entendia “as regras de procedimento, nem de diplomacia”, e que suas palavras eram “inaceitáveis”.
Uma pesquisa interna da UNFCCC revelou que apenas 18 delegações haviam conseguido acomodação nas últimas semanas, e 87% das 147 delegações que responderam ao levantamento citaram os preços como o principal obstáculo.
Medidas do governo e otimismo
O governo brasileiro, por meio da Secretaria Extraordinária para a COP-30, afirmou que seus dados estão mais atualizados. Em uma força-tarefa coordenada pela Casa Civil, o governo passou a ligar para os países para ajudar nas reservas, priorizando as nações em desenvolvimento.
O secretário-extraordinário para a COP-30, Valter Correia, disse que o número de leitos não é mais um problema. Ele afirmou que já há mais de 33 mil quartos disponíveis, superando a demanda da ONU de 24 mil quartos. A questão agora, segundo Correia, é “trazer isso a valores que sejam compatíveis com o poder aquisitivo dos países”, apesar de o governo considerar que os preços dos quartos especiais estão dentro do padrão de outras COPs.