A realização da COP30 em novembro deste ano em Belém coloca a capital paraense no centro do debate global sobre as mudanças climáticas. A recepção de mais de 140 chefes de Estado e cerca de 50 mil participantes cria a necessidade de um plano especial para a segurança que é considerado prioritário para a organização da conferência.
De acordo com a Casa Civil da Presidência da República, os preparativos seguem um modelo de integração entre órgãos federais, estaduais e municipais já adotado pelo Brasil em outros grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, a presidência do G20 em 2024 e, atualmente, a presidência do BRICS.
“Incluímos nesse processo os órgãos estaduais e municipais conforme a competência e a necessidade deles estarem dentro desse processo de integração”, explica Daniel Lerner, secretário-executivo adjunto da Casa Civil, destacando a colaboração já estabelecida com órgãos como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério da Defesa, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, Ministério das Relações Exteriores, Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará e a Guarda Civil de Belém.
A expectativa é que 20 mil agentes de segurança sejam mobilizados durante o evento. Cada órgão atua na sua área de competência e envolve ainda as equipes de segurança dos chefes de Estado e a equipe da ONU, que é responsável por todo o controle de acesso na Zona Azul.
Todo esse aparato deve mudar a rotina da cidade. Para diminuir os impactos sobre a mobilidade urbana, o plano prevê que os delegados da Conferência irão se deslocar em hubs de ônibus exclusivos. Além disso, uma alternativa de transporte será implantada para garantir o deslocamento das comitivas que estarão hospedadas em cruzeiros até a área do Parque da Cidade. Já a chegada de autoridades deve interditar algumas vias, mas a organização diz que são estudadas estratégias para evitar congestionamentos.
“A cidade não pode parar, precisamos que todos os estabelecimentos continuem funcionando”, afirma Nilza de Oliveira, diretora de operações da Secop.
Uma das preocupações da organização foi incluir ações nos rios, igarapés e no transporte fluvial no plano de segurança. Nas áreas fluviais, a competência é das Forças Armadas que atuará por meio do Comando Militar da Amazônia e da Marinha, como ocorreu no Rio de Janeiro durante a Cúpula do G20.
Na COP30, além das áreas do evento, a operação programada envolve também a proteção de áreas turísticas, o monitoramento de áreas estratégicas, como o rio Guamá, a proteção das infraestruturas críticas e a segurança cibernética.
Outro desafio mapeado é a previsão de que ocorram muitos protestos durante o evento, diferente das últimas três COPs realizadas em países com políticas autoritárias. O coordenador de segurança e saúde para a COP30, Daniel Joseph Lerner, diz que o trabalho da segurança será para garantir que as manifestações ocorram de maneira livre e pacífica sem comprometer o funcionamento da cidade e a segurança dos participantes. Segundo o coordenador, não está previsto o uso ostensivo das Forças Armadas, como tanques ou soldados nas ruas
“Há aspectos importantes que passam pelas Forças Armadas, mas a nossa preocupação é que não haja a aparência de um estado de exceção, e sim de acolhimento e liberdade, que é o espírito da COP30 e um dos motivos para sua realização em Belém”, afirma Lerner.