A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) pode passar do plano das negociações formais para ações efetivas, com protagonismo dos países em desenvolvimento, avalia Thelma Krug, coordenadora do Conselho Científico do evento previsto para acontecer em novembro, em Belém.
A pesquisadora aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) de 2015 a 2022 – vê na realização do evento em Belém uma oportunidade de mostrar ao mundo a importância da Amazônia.
Apesar dos desafios, Krug mantém o otimismo:
“Mesmo que ultrapassemos o limite do aquecimento global a 1,5 °C, ainda será possível reverter esse cenário até o fim do século, desde que adotemos medidas ambiciosas e rápidas. Claro que, quanto maior for esse excesso, mais difícil será reverter”.
Para a cientista, se o multilateralismo for ampliado, especialmente com a liderança de países em desenvolvimento, será possível reforçar a cooperação internacional mesmo na ausência dos Estados Unidos nas negociações. “Ausência do governo federal, é bom destacar, pois muitos estados norte-americanos seguem ativos na agenda climática e estarão na COP30.”
Agência FAPESP – Em novembro, o Brasil sediará pela primeira vez uma COP que, além disso, será na Amazônia. O quanto isso é significativo, não apenas para o País, mas para o mundo?
Thelma Krug – A COP30 representa uma série de oportunidades estratégicas para o Brasil. Em primeiro lugar, é uma chance concreta de consolidar o País como um ator central nas negociações climáticas globais. A diplomacia brasileira é amplamente reconhecida por sua competência e isso faz uma diferença significativa nos fóruns multilaterais. Com a COP30, teremos a chance de passar do plano das negociações formais para ações efetivas. O Brasil também tem experiências relevantes a apresentar – como sua liderança em energia limpa e os esforços para alcançar o desmatamento zero na Amazônia. Além disso, o País possui uma das legislações ambientais mais robustas do mundo, o que pode representar uma vantagem competitiva no mercado internacional de bens e serviços sustentáveis. É claro que há pontos de preocupação, como o projeto de lei que reduz exigências para o licenciamento ambiental. É algo que fragiliza demasiadamente a questão ambiental, isso em um momento em que o País está prestes a sediar a COP, o que trará ainda mais visibilidade ao assunto. Então, ao mesmo tempo em que o País tem muitos pontos positivos para mostrar, hoje passamos por um momento difícil de uma fragilidade ambiental que não deveria estar sendo trazida à tona neste momento. A COP30 é uma oportunidade única de reduzir o desconhecimento global sobre a importância – e a própria dimensão – da Amazônia. Espero que, ao sobrevoarem a região rumo a Belém, os delegados observem atentamente aquele verdadeiro oceano verde. Apesar do desmatamento e da degradação, uma enorme parte da floresta ainda está preservada. Que essa experiência sirva para sensibilizar e mobilizar o apoio internacional aos fundos que estarão em debate durante a COP – não apenas para a conservação da Amazônia, mas também das demais florestas tropicais do mundo. Vamos poder mostrar ao mundo um ambiente impressionante do ponto de vista ecológico, que é o nosso maior recurso florestal, mas também a realidade social e estrutural da Amazônia e de Belém. Sairemos do cenário de COPs grandiosas e luxuosas, como as realizadas em Dubai [nos Emirados Árabes Unidos] ou Baku [no Azerbaijão], para mergulhar numa realidade que espelha o que de fato deveria ser o foco da conferência: a vulnerabilidade dos países em desenvolvimento e das comunidades locais e a necessidade de valorizar o conhecimento tradicional. Além dos serviços ambientais que a floresta presta, é essencial reconhecer que a base do saber amazônico também está na sabedoria dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.
Agência FAPESP – Poderia explicar o que são e a importância da Agenda de Ação Climática e do Balanço Global?
Krug – Até algum tempo atrás, era comum que as COPs atribuíssem exclusivamente aos governos a responsabilidade de resolver a crise climática. A chamada Agenda de Ação Climática surgiu como uma inovação importante nesse cenário. Diferentemente das negociações formais da COP, que exigem consenso entre os 196 países signatários, a Agenda de Ação tem natureza mais flexível e permite avanços práticos mesmo sem o engajamento total de todos os países. Na COP30, a Agenda amplia o escopo da responsabilidade para além dos governos, envolvendo toda a sociedade civil – setor privado, terceiro setor, comunidades locais. Nesse contexto, é importante reconhecer o papel do embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, que propôs o “mutirão da agenda”, uma construção coletiva e inclusiva para que ninguém fique de fora. O resultado é a Agenda de Ação da COP30, que está estruturada em seis eixos temáticos: “Transição de Energia, Indústria e Transporte”; “Preservação de Florestas, Oceanos e Biodiversidade”; “Transformação da Agricultura e dos Sistemas Alimentares”; “Construção de Resiliência para Cidades, Infraestrutura e Água”; “Promoção do Desenvolvimento Humano e Social”; e “Facilitadores e Aceleradores Transversais”. Dentro desses eixos, foram identificadas 30 ações prioritárias – como triplicar a geração de energias renováveis, abandonar progressivamente os combustíveis fósseis, combater o desmatamento, promover a agricultura sustentável e viabilizar mecanismos de financiamento climático. Essas iniciativas dialogam diretamente com o chamado Balanço Global [Global Stocktake], um dos pilares do Acordo de Paris. Esse mecanismo, cuja primeira edição foi publicada em 2023 e terá atualização a cada cinco anos, avalia o que os países estão efetivamente fazendo em termos de mitigação, adaptação e resiliência climática. Trata-se de um diagnóstico coletivo da ação climática global. O primeiro Balanço Global revelou um dado preocupante: embora haja avanços, eles ainda são insuficientes para colocar o mundo em uma trajetória compatível com as metas do Acordo de Paris. Em outras palavras, não estamos conseguindo limitar o aquecimento global a níveis que reduzam de forma significativa os riscos de eventos extremos – como secas severas, inundações e ondas de calor – que tendem a se tornar cada vez mais frequentes e intensos em função do aquecimento global provocado por ações humanas. Esses impactos estão diretamente ligados às emissões de gases de efeito estufa, provenientes de setores como energia, processos industriais, agropecuária e uso da terra – com destaque para o desmatamento, que contribui fortemente para as emissões de dióxido de carbono –, e ao setor de resíduos, por exemplo, os lixões, que liberam grandes quantidades de metano. Todos esses fatores compõem um panorama que exige uma resposta ampla e integrada. O Balanço Global também analisa o cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas [NDCs] – os compromissos voluntários de cada País para a redução de emissões em marcos temporais, como 2025, 2030 e 2035. Esses compromissos devem ser progressivamente mais ambiciosos, como prevê o próprio Acordo de Paris, que exige a elevação constante do nível de ambição climática. O Balanço de 2023 deixou claro que, mesmo com os esforços em andamento, as emissões globais ainda não estão sendo reduzidas na velocidade e escala necessárias para manter o aquecimento global bem abaixo de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais – e muito menos para atingir a meta de limitar o aumento a 1,5 °C. Além das metas de temperatura, o Balanço Global também considera outros elementos essenciais do Acordo de Paris: adaptação, justiça climática, financiamento internacional e a promoção de uma transição justa.
Agência FAPESP – Diferentemente de outros cientistas, a senhora mantém a esperança de que o mundo conseguirá limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 °C. Por que esse otimismo?
Krug – Primeiro, acredito que houve um certo mal-entendido em 2024, um ano muito atípico. Pela primeira vez, ultrapassamos a marca de 1,5 °C de aumento na temperatura média global, chegando a 1,6 °C – o que gerou preocupações e até a impressão equivocada de que a meta de 1,5 °C já estaria irremediavelmente comprometida. Mas não é bem assim. O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima [IPCC], principal autoridade científica no tema, baseia suas conclusões em dados observacionais. Esses dados são coletados a partir de múltiplas fontes confiáveis e permitem avaliar as tendências com robustez. O IPCC trabalha com séries históricas de 20 a 30 anos e faz estimativas com base na mudança na tendência da temperatura média global, se realmente está se modificando e como está se modificando. Em uma série de 20 anos, um ano atípico – como foi 2024 – é diluído na média de longo prazo. O problema é que estamos observando décadas consecutivamente mais quentes. O mais recente relatório do IPCC, publicado em 2022, mostrou que as quatro décadas anteriores foram sucessivamente mais quentes – e tudo indica que a próxima também seguirá essa tendência. Ou seja, os anos atípicos podem se tornar normais. Mesmo antes de um novo relatório do IPCC, agências como a Organização Meteorológica Mundial estimam que hoje estamos cerca de 1,3 °C acima da média pré-industrial. Isso reforça a preocupação de que a janela para limitar o aquecimento a 1,5 °C está se fechando muito rapidamente. Apesar disso, mantenho o otimismo – que não é compartilhado por alguns colegas cientistas – de que, mesmo que ultrapassemos o limite, ainda será possível reverter esse cenário até o fim do século, desde que adotemos medidas ambiciosas e rápidas. Claro que, quanto maior for esse excesso, mais difícil será reverter. O otimismo também se sustenta quando olho para a COP30 como uma oportunidade concreta de acelerar a ação climática global. Vejo um envolvimento crescente de países e atores diversos – e isso me ajuda a manter a esperança.
Agência FAPESP – Passados dez anos da assinatura do Acordo de Paris, acordos multilaterais sobre temas cruciais – por exemplo, limitar as emissões de gases de efeito estufa – têm se tornado cada vez mais difíceis de serem implementados. Nesse sentido, o que podemos esperar nas negociações climáticas na COP30?
Krug – Acho que a COP30 será a COP da mudança. A COP da ação. É essa a expectativa que carrego: que finalmente consigamos avançar de forma concreta. É claro que há desafios profundos. Começando pelos países em desenvolvimento, que são os menos responsáveis pelas emissões históricas de gases de efeito estufa. Eles contribuíram muito pouco para o aquecimento global e, como estão em processo de desenvolvimento, têm a oportunidade de escolher tecnologias mais limpas e de construir suas matrizes energéticas de forma sustentável desde o início – algo que os países industrializados não fizeram no passado. Essas oportunidades estão mais acessíveis. Fontes como energia solar e eólica se tornaram mais baratas e viáveis. Muitas vezes, mesmo sem uma motivação ambiental direta, as pessoas adotam essas alternativas por razões econômicas. Um exemplo: tenho um familiar que instalou recentemente painéis solares. Quando perguntei se era por preocupação com as mudanças climáticas, a resposta foi: “Não, é pela conta de luz”. Isso mostra que as decisões práticas também podem contribuir para o enfrentamento do problema, mesmo que não partam de uma consciência climática plena. Isso evidencia outro ponto: a dificuldade de comunicação. A mudança do clima, para muitos, ainda é uma abstração. As pessoas não são negacionistas, mas simplesmente não veem o problema de forma concreta no dia a dia. Por isso, é fundamental melhorar a forma como comunicamos a ciência, ampliando a rede de atores que ajudam a disseminar informação de maneira clara, correta e acessível. Essa comunicação não deve vir apenas dos governos – os cientistas também têm um papel crucial nessa tarefa. Outro exemplo é o diálogo com o setor do agronegócio. Quando falamos em alterações nos padrões de chuva ou em aumento de temperatura, com base em modelos científicos, muitas vezes a reação é de ceticismo, porque os impactos não são sentidos de imediato. Muitas das ações climáticas têm caráter preventivo – e isso dificulta sua aceitação. O agricultor talvez nunca veja o impacto que evitou ao adotar medidas resilientes, justamente porque a ação antecipatória funcionou. O mesmo raciocínio vale para os países desenvolvidos. Muitos deles têm matrizes energéticas baseadas em combustíveis fósseis, como carvão e gás natural. Para esses países, a transição para energias renováveis não é simples, especialmente se considerarmos a necessidade de justiça climática. Temos visto sinais positivos. Hoje, por exemplo, os custos das fontes renováveis já são, em muitos casos, menores do que os dos fósseis. Isso pode acelerar a transição energética. Mas precisamos garantir que essa mudança seja justa e equitativa. E esse é um dos grandes desafios da COP30: fortalecer o compromisso com uma transição mais rápida, mas que também leve em conta as desigualdades, para que ninguém seja deixado para trás.
Agência FAPESP – Nesse cenário de transição, qual o impacto da ausência ou da falta de apoio na COP30 dos Estados Unidos, que são não apenas o maior emissor histórico de gases de efeito estufa, mas também o maior produtor de informação científica e sobre ciência?
Krug – Essa pergunta leva diretamente à questão do multilateralismo. Muita gente me pergunta o que seria considerado um “sucesso” na COP30. Sou bastante comedida quanto a isso, porque acho difícil mensurar o sucesso. Já o fracasso é mais fácil de identificar – como vimos na COP anterior, em que havia grande expectativa em relação ao financiamento climático, mas os recursos colocados à mesa ficaram muito aquém do esperado. Quando se cria uma expectativa alta e ela não se concretiza, o sentimento de fracasso é inevitável. Por isso, é importante ter expectativas realistas. Assim, qualquer avanço pode ser compreendido como vitória. As COPs funcionam um pouco como doses homeopáticas: os progressos vêm aos poucos, embora agora estejamos caminhando para uma dinâmica um pouco mais acelerada. Voltando à questão do multilateralismo: se conseguirmos não apenas preservá-lo, mas também ampliá-lo, especialmente com a liderança de países em desenvolvimento, poderemos reforçar a cooperação internacional mesmo na ausência dos Estados Unidos nas negociações. Ausência do governo federal, é bom destacar, pois muitos estados norte-americanos seguem ativos na agenda climática e estarão na COP30. Temos esperança de que os governos estaduais contribuam com a ação climática global e que isso ajude a equilibrar a balança. Mesmo o governo federal americano pode vir a se ver pressionado, pois há risco de perda de competitividade internacional. Já vimos isso antes – como na saída dos Estados Unidos do Protocolo de Kyoto. Essas atitudes, por vezes impulsivas, resultam em grandes perdas de oportunidade, especialmente no contexto atual, em que a globalização enfrenta seus próprios desafios. Mas não acredito que a ausência dos Estados Unidos, por si só, ameace o processo multilateral. O risco maior seria se isso provocasse um efeito dominó em outros países. Para mim, o sucesso da COP30 será justamente evitar esse efeito e, mais do que isso, fortalecer o multilateralismo com uma nova liderança, sobretudo vinda dos países em desenvolvimento. Tenho confiança, por exemplo, de que a China continuará exercendo papel de liderança. Apesar de hoje ser o maior emissor global, o país investe fortemente na transição e desponta como líder em fontes renováveis, como solar, e na mobilidade elétrica. Eles têm uma abordagem cautelosa: preferem anunciar metas modestas, mas alcançáveis, do que prometer muito e não cumprir. As culturas são diversas, e isso precisa ser respeitado.
Agência FAPESP – A senhora destacou a desigualdade climática entre países. Mas também existem desigualdades internas, nos próprios países. Como conciliar, nesse contexto multilateral, essas diferentes realidades e conflitos?
Krug – Nas negociações da COP, é observado que os mais vulneráveis continuam sendo os mais afetados – mas isso permanece, muitas vezes, apenas no discurso. Nos Compromissos Nacionalmente Determinados, os países expressam tanto suas ambições quanto as barreiras que enfrentam para implementá-las. Essas barreiras não são exclusivas dos países em desenvolvimento. Mesmo os desenvolvidos sofrem pressões internas para manter sua dependência de combustíveis fósseis, em razão da força de certos setores industriais. Mas, para os países em desenvolvimento, os obstáculos vão além do financiamento: envolvem também capacitação técnica e transferência de tecnologia – pontos dos quais ainda sentimos muita falta. Talvez vejamos avanços mais concretos nos acordos bilaterais e na agenda de ação, menos dependente de grandes consensos e mais voltada para parcerias entre atores com espírito de colaboração. Nesses acordos, quem entra já chega com a disposição de contribuir, de cooperar, de fazer. É por isso que vejo como promissoras as 30 ações que serão debatidas nesta COP. São iniciativas ainda amplas, mas que se alinham ao Balanço Global. Esse tipo de ação é crucial para promover o desenvolvimento social e humano, especialmente reconhecendo as enormes desigualdades regionais dentro de países como o Brasil. Não se trata apenas de decretar desmatamento ilegal zero, como o Brasil se comprometeu. Isso exige reconstruir políticas públicas, enfrentar interesses diversos e lembrar que há 26 milhões de pessoas vivendo na Amazônia, muitas delas dependentes da floresta para sobreviver. A alternativa precisa vir do conhecimento regional, da ciência feita ali, que entende as especificidades culturais, sociais e ambientais da região. Felizmente, temos visto o fortalecimento de uma ciência brasileira diversa, com cientistas brilhantes espalhados por todo o País – muitos deles já participando do IPCC e de outras instâncias internacionais. Temos hoje uma presença feminina crescente e qualificada, o que também é um avanço. Não se trata de uma questão meramente simbólica: homens e mulheres pensam de formas diferentes, têm trajetórias distintas, e essa diversidade de perspectivas enriquece o debate e fortalece as soluções.
Agência FAPESP – Quais são as responsabilidades do Conselho Científico da COP30, liderado pela senhora, e como será a participação da FAPESP na conferência?
Krug – O embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, e a secretária-executiva Ana Toni têm uma visão muito clara da importância da ciência no processo climático. Ambos são extremamente preparados, com bagagem técnica, são acessíveis e construtivos, qualidades que me fazem acreditar que os encaminhamentos da COP30 serão bastante positivos. Eles compreendem que ciência, tecnologia, inovação e financiamento são pilares fundamentais para enfrentar a crise climática. Por isso, foram criados três conselhos ad hoc: um voltado à ciência do clima, outro à tecnologia e inovação e um terceiro focado no financiamento. O objetivo do Conselho Científico é fornecer suporte técnico e analítico durante a conferência – tanto nas negociações oficiais quanto na agenda de ação climática. Esse conselho, embora pequeno, é composto por cientistas de renome, tanto do Brasil quanto do exterior. Por ser ad hoc, pode agregar novas expertises conforme a necessidade, a fim de responder rapidamente às demandas que surgirem durante o evento. Já começamos a trabalhar em algumas questões prioritárias apontadas pelo embaixador André e por Ana Toni, como o desafio de manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5 °C – um ponto que demandará aprofundamento técnico e projeções baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis. Em paralelo, participo da coordenação da participação da FAPESP na COP30, a convite do presidente Marco Antonio Zago. Trata-se de uma responsabilidade significativa, considerando o papel estratégico da Fundação na produção científica sobre o clima. A FAPESP conta com um programa de mudanças climáticas, que apoia pesquisas robustas sobre riscos climáticos, mitigação e adaptação – temas que ganham relevância a cada ciclo da COP. Também tem iniciativas em transição energética e bioeconomia, entre outras áreas correlatas. Nas conversas com coordenadores de programas e assessores da FAPESP, chegamos ao consenso de que a participação na COP não deve se limitar à apresentação dos resultados científicos. A ideia é construir um espaço dinâmico de diálogo, com painéis que integrem ciência, setor privado, sociedade civil e comunidades locais. Queremos mostrar que a ciência pode ser uma ponte entre conhecimento e ação, e que os programas da FAPESP estão abertos a incorporar novos elementos e perspectivas trazidos por outros setores. É essa articulação que pretendemos levar para Belém.
Fonte: Agência Fapesp