Na COP30, em Belém (PA), os debates sobre o papel da pecuária no enfrentamento à crise climática e insegurança alimentar avançam em caminhos complementares, que vão da regularização ambiental à restauração de áreas degradadas, do atendimento direto ao produtor à mitigação de metano.
Nos últimos dias, quatro iniciativas reforçaram que esses processos dependem da união entre instituições públicas e privadas. Uma delas é a RAIZ, que para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, mostra a disposição do Brasil em compartilhar soluções que já estão em curso por aqui.
“O que estamos levando à COP é o resultado de políticas concretas. O Brasil tem mostrado que é possível produzir de forma sustentável e quer compartilhar esse conhecimento com o mundo”, afirmou o ministro.
Outro exemplo é o projeto “Reduzir o metano, transformar a pecuária: uma parceria pelo Clima”, do Instituto Centro de Vida (ICV) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que busca tornar a pecuária mais resiliente frente à instabilidade do clima.
“Queremos mostrar aos pecuaristas que realizar boas práticas como recuperação de pastagens, integração lavoura, pecuária e floresta e a implementação de sistemas como a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) podem construir uma pecuária que emite menos”, explicou o analista socioambiental do ICV, Luan Cândido.
Conheça as ações e entenda como elas podem se complementar em um contexto de transição da pecuária brasileira:
RetifiCAR
O RetifiCAR, criado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em 2023, apoia produtores na retificação do Cadastro Ambiental Rural, etapa obrigatória para manter o CAR ativo e acessar crédito rural. O programa analisa notificações dos órgãos ambientais e orienta os produtores na correção do cadastro.

A iniciativa começou em Minas Gerais e hoje alcança 10 estados, somando 5.658 produtores atendidos, 2.967 cadastros retificados e 454 validados. Além da retificação, o sistema auxilia nas etapas seguintes da regularização ambiental, como adesão ao PRA e elaboração de PRADAs, ampliando o suporte ao produtor.
RAIZ – Resilient Agriculture Investment for Net Zero Land Degradation
Já a RAIZ avança para um desafio complementar: recuperar áreas degradadas e fortalecer a produtividade em larga escala. A iniciativa internacional é liderada pelo Mapa com apoio da FAO para mobilizar recursos e tecnologias voltadas à recuperação de áreas agrícolas degradadas.
O programa responde ao cenário global, em que 2 bilhões de hectares estão degradados e 3,2 bilhões de pessoas são afetadas. A proposta amplia o alcance de ações brasileiras já existentes, como o Caminho Verde e o Solo Vivo.
Escritórios Verdes
As transformações no campo dependem também do produtor e da iniciativa privada. É o caso dos Escritórios Verdes, programa da JBS, criado em 2021 para oferecer assistência gratuita em regularização ambiental, técnica e gerencial a produtores, independentemente de serem fornecedores da empresa.
Com 20 unidades físicas em oito estados e um escritório virtual, o programa já realizou mais de 12 mil atendimentos e apoiou 20 mil propriedades na regularização, destinando mais de 8 mil hectares à recuperação florestal. A iniciativa foi reconhecida entre mais de 670 propostas no SB COP Awards – o “Oscar” da COP30.
Reduzir o metano, transformar a pecuária
Em outra frente, o projeto “Reduzir o metano, transformar a pecuária”, implementado pelo ICV e pelo Imaflora no norte de Mato Grosso e na Bahia, apoia produtores na adoção de boas práticas validadas pelo Plano ABC+, como recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária-floresta e Terminação Intensiva a Pasto.
O programa acompanha cerca de 3 mil produtores e selecionou dez propriedades para demonstrar a viabilidade econômica das práticas. Além da atuação direta no campo, o projeto também busca contribuir para políticas públicas e critérios de monitoramento do metano. Na COP30, foi destaque em evento específico sobre mitigação na pecuária.
Fonte: Gigante 163


