As discussões climáticas que começam nesta segunda-feira, 16, em Bonn, na Alemanha, são cruciais para o futuro do planeta e preparam o terreno para a COP30, que acontece em Belém, em novembro. Os negociadores estão focados em três pontos principais que, se não avançarem, podem comprometer os esforços para combater a crise climática. São eles: o diálogo sobre transição justa, o Balanço Global (GST) e os indicadores para adaptação.
Um dos grandes nós da conversa é a “transição justa”. Pense nisso como a forma de mudar nossa economia para longe dos combustíveis que poluem, como o carvão e o petróleo, sem deixar ninguém para trás. Mas o problema é que nem todos concordam com o que isso realmente significa.
Países mais ricos geralmente veem a transição justa como ajudar trabalhadores que perdem seus empregos em indústrias antigas (como mineiros de carvão) a encontrar novas oportunidades. É sobre dar a essas pessoas um novo treinamento ou suporte para que se adaptem à nova economia verde.
Já os países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma visão mais ampla. Para eles, “transição justa” também significa ter acesso a dinheiro e tecnologias para fazer essa mudança, a tal da adaptação. Ou seja, não basta só treinar trabalhadores, é preciso ter recursos para construir novas indústrias limpas e garantir que a mudança seja feita de forma que beneficie a todos, não apenas os mais ricos.
Se não houver um acordo sobre isso na COP30, o programa de trabalho sobre transição justa pode simplesmente acabar. E isso seria um grande problema, já que a ideia era que ele fosse revisto e aprimorado já em 2026.
Balanço Global: O que fizemos (e o que falta fazer)
Outro ponto-chave é o Balanço Global, ou GST (do inglês Global Stocktake). Pense no Balanço Global como um grande relatório que avalia o progresso do mundo em relação às metas do Acordo de Paris, que é o grande plano para combater as mudanças climáticas. Ele mostra o que já conseguimos fazer e, mais importante, o que ainda precisamos fazer para evitar que o planeta esquente demais.
As discussões em Bonn incluem desde como nos afastamos dos combustíveis fósseis (algo que já foi acertado na última COP, em Baku) até como vamos acompanhar esse progresso. Será que esse acompanhamento deve ser feito por todos os países juntos, de forma coletiva? Essa é uma das perguntas que estão sendo feitas.
Indicadores de adaptação: Como se preparar?
Por fim, temos os indicadores globais para adaptação. Imagine que a adaptação é como nos preparar para os efeitos das mudanças climáticas que já estão acontecendo ou que virão, como secas mais longas, enchentes mais fortes ou ondas de calor. Para saber se estamos nos adaptando bem, precisamos de “indicadores”, que são como métricas ou sinais.
Hoje, existem muitos desses indicadores – quase 180! O desafio é simplificar isso para algo em torno de 100, no máximo. A ideia é ter um conjunto de medidas claras que ajude todos os países a entender se estão no caminho certo para proteger suas populações e territórios dos impactos do clima. É um desafio, pois a adaptação é algo que acontece muito em nível local, em cada cidade, cada região, mas precisamos de parâmetros globais para guiar esse processo.
O Brasil lidera o caminho com um “Dia Zero” inovador
Para tentar destravar essas conversas difíceis, o Brasil inovou em Bonn com o que chamou de “dia zero”. Foi um encontro informal no domingo, 15, antes do início oficial da reunião, onde os principais negociadores de cada país puderam conversar de forma mais relaxada. A intenção brasileira era que todos agissem como “construtores” de soluções, buscando mais ambição e um espírito de colaboração.
Essa iniciativa reflete a visão do Brasil paraa reunião em Bonn: fortalecer o trabalho em conjunto dos países para lidar com o clima e garantir que as decisões sobre o clima realmente melhorem a vida das pessoas, acelerando a implementação do Acordo de Paris. O sucesso em Bonn é um passo essencial para uma COP30 eficaz e para a construção de um futuro mais seguro para todos.