Uma caravana científica e intercultural percorrerá, de 26 outubro a 6 de novembro, o rio Amazonas, de Manaus à Belém, como uma das atividades da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) que acontecerá na capital paraense. A iniciativa, intitulada Projeto Iaraçu, envolve dez instituições brasileiras e francesas.
O nome Iaraçu tem origem Tupi e significa “grande senhora das águas.”
Ao longo de sua travessia de Manaus a Belém, que englobará outros rios além do Amazonas, a caravana Iaraçu coletará relatos e destacará as iniciativas locais das pessoas que vivem, no dia a dia, os efeitos das mudanças climáticas. Ao mobilizar pesquisadores, universidades, instituições públicas, organizações sociais e jovens, o projeto pretende dar voz aos territórios amazônicos nos debates internacionais sobre o clima.
O Iaraçu vai documentar as estratégias de adaptação às mudanças climáticas, com uma abordagem que combina pesquisa científica, diálogo intercultural, comunicação pública e diplomacia ambiental. Durante a navegação, o barco fará escala em várias cidades e comunidades ribeirinhas. O principal objetivo da expedição é compartilhar saberes e promover o diálogo entre cientistas e a população local.
A embarcação do projeto vai atravessar os estados do Amazonas, Amapá e Pará antes de atracar em Belém, para a cúpula dos presidentes (6 e 7 de novembro) e estará presente durante as discussões sobre as ações a serem tomadas para combater as mudanças climáticas (10 a 21 de novembro).
Durante a navegação, o barco fará escala em várias cidades e comunidades ribeirinhas, de acordo com o itinerário planejado. Os locais de parada durante a expedição contemplam as principais cidades e pólos regionais entre as capitais do Amazonas e do Pará: Manaus, Itacoatiara, Parintins, Óbidos, Alter do Chão, Almeirim, Porto de Moz, Gurupá, Breves e Belém.
Ouvir comunidades
Para o reitor da UFPA, a Caravana Iaraçu simboliza uma oportunidade única de aproximar a produção acadêmica das realidades amazônicas, fortalecendo o diálogo entre ciência e comunidades tradicionais. Ele afirmou que o grande legado da COP 30 pode ser justamente a construção de uma nova forma de fazer pesquisa, em que o conhecimento gerado nas universidades se soma ao saber das populações locais.]
“Além de ouvir as comunidades, vamos socializar com elas o que produzimos na universidade. É muito importante dar voz a quem vive na floresta e contribui com conhecimentos fundamentais para a ciência”, destacou.
Ao longo do trajeto, a caravana realizará oficinas de sensibilização sobre os impactos das mudanças climáticas, exposições, projeções de filmes, conferências e debates intergeracionais e interculturais sobre a resiliência dos territórios amazônicos. Também haverá diálogo com as comunidades, coleta de depoimentos e conhecimentos locais sobre estratégias de adaptação.
“O Iaraçu é uma travessia científica e humana, que promove soluções coletivas e reforça os laços entre os dois países”, afirmou o embaixador da França, Emmanuel Lenain,
Participantes
Participam do projeto o Ministério da Educação (MEC), o Institut de Recherche pour le développement (IRD), a Embaixada da França no Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA), o Fonds Équipe France (Projeto FEFACCION), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA).
Há mais de 40 anos, a França apoia projetos de pesquisa e formação na Amazônia brasileira e na Guiana Francesa, em colaboração com universidades, instituições públicas e agências científicas locais. Em março de 2024, foi relançado o Centro Franco Brasileiro de Biodiversidade na Amazônia (CFBBA), que coordenará iniciativas científicas, na valorização dos conhecimentos locais e busca de soluções para enfrentar as mudanças climáticas.