Por Tereza Coelho
Apoiar a bioeconomia é uma forma prática de apoiar o desenvolvimento sustentável e geração de renda de quem trabalha com a floresta em pé. Essa foi uma das mensagens transmitidas durante a realização da COP30 em Belém, por meio de áreas que destacaram esses produtos nos espaços ligados à conferência. Juntas, a Enzone e loja colaborativa Brasil BioMarket faturaram R$ 2,3 milhões, beneficiando mais de 750 famílias.
Na Green Zone, a loja colaborativa Brasil BioMarket gerou R$ 800 mil em vendas entre os dias 10 e 21 de novembro. O espaço reuniu mais de 1.135 itens de 250 negócios com o objetivo de mostrar que é possível unir ancestralidade e tecnologia de forma sustentável. Entre os produtos expostos, estavam biocosméticos à base de insumos regionais, alimentos, bebidas, roupas, sapatos e biojoias produzidos a partir do látex e palhas de árvores.

Leandro Daher, da AMZ Tropical, produz Gin de Jambu e é um dos empreendedores que esteve com seus produtos no espaço. Ele conta que o principal legado da COP30 é a visibilidade, fator determinante para apoio aos pequenos negócios.
“Em 2024, recebemos a medalha de prata na premiação World Gin Awards na categoria botânico de destaque devido ao nosso trabalho com o Jambu. Nossa empresa foi a única nacional a pontuar nessa categoria. Essas premiações são maravilhosas para reconhecer nosso trabalho em pesquisa, inovação. Mas o que queremos de verdade é que cada vez mais pessoas usem nosso produto, que ele seja uma febre no nosso estado, nosso País, porque assim a renda e o reconhecimento chegam de verdade para quem está conosco em todas as etapas: de quem colhe o jambu, até o bar que usa nosso produto para fazer drinks. Essa valorização do propósito junto com a aceitação plena é o maior sonho de todo empreendedor”, disse Daher.
Culinária e cultura
Já a EN-Zone, que aconteceu nos mesmos dias da conferência, ocorreu no Parque Urbano Belém Porto Futuro e reuniu mais de 400 empreendedores, gerando mais de R$ 1,5 milhão em volume de vendas. Além dos produtos da bioeconomia, o local contou com espaço dedicado à culinária e programações culturais.

Danielle Amaral, da Tekohá Cosméticos Regenerativos, celebra a diversidade de espaços que valorizam a bioeconomia local por integrar a presença de visitantes de outros estados e estrangeiros com o público paraense.
“É maravilhoso que a cidade tenha mergulhado na COP30 para mostrar o que faz de melhor. No meu caso, parte das meninas que vieram conhecer os produtos ficam alegres porque conhecem marcas famosas que fazem produtos com uma pegada parecida, mas muito mais caros. Daí, chegando aqui, ficam sabendo que há marcas nacionais com o mesmo principio de tecnologia, beleza limpa e sustentabilidade, com a vantagem de não pagar frete e poder testar tudo na hora. Quando eu desenvolvi (os produtos), senti essa alegria e me sinto melhor ainda ao ver esse sentimento compartilhado com as clientes”, diz.
Aflaviana Riveiro, que conduz o Tacacá da Flávia há 36 anos, foi uma das expositoras no espaço dedicado à culinária e resume as últimas duas semanas como uma celebração que gera frutos, por meio do reconhecimento do legado ancestral junto ao potencial econômico e criativo de cada empreendimento.
“No fundo, foi tudo uma grande festa, celebração, e foi muito bonito de ver todos os dias. Ver quem nunca tomou tacacá tomando do lado de quem toma quase todo dia é uma alegria porque no fundo acho que é isso que todos desejamos né? Que venha aquele discernimento na cabeça de quem toma as decisões de que preservar a natureza é também preservar cultura, identidade e até mesmo a vida de cada um de nós. É lindo ver tanta gente se movimentando e lucrando junta, do montador ao artista que está no palco”, diz.
Os dois espaços foram operados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que atua na qualificação e na conexão de empreendedores de todo o Brasil. Para Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae, o sucesso das duas iniciativas mostra como pequenos negócios podem transformar a biodiversidade em valor econômico, social e cultural, impulsionando cadeias sustentáveis e contribuindo para a transição climática.
“Essa estratégia fortaleceu a narrativa central do Sebrae na COP30: a economia verde é um vetor real de desenvolvimento”, diz.


