Nesta segunda-feira (17), oitavo dia da conferência do clima, em Belém, a presidência da COP30 divulgou sua décima primeira carta. Nela, André Corrêa do Lago anunciou que os quatro assuntos cruciais: medidas unilaterais de comércio, a resposta ao relatório síntese sobre as NDCs (metas climáticas), questões de transparência e o Global Stocktake (GST), seguirão sendo negociados como um pacote político. O anúncio foi bem-visto pelas organizações sociais e observadores, que notam um bom ritmo nas discussões em Belém.
“Propomos concluir uma parte significativa de nosso trabalho até amanhã à noite, para que uma plenária – para sacramentar o pacote político de Belém – possa ocorrer até o meio da semana”, disse André Corrêa do Lago.
A CEO da COP30, Ana Toni, havia dito mais cedo que a entrega desse resumo antecipado foi um pedido dos países à presidência brasileira, sinalizando a confiança no Brasil para conduzir os debates. Além disso, representantes de diversos países foram convidados a atuar como “pares ministeriais” para destravar negociações em áreas específicas, como por exemplo:
- Adaptação: Alemanha e Zâmbia;
- Finanças: Reino Unido e Quênia;
- Mitigação: Egito e Espanha;
- Balanço Global (GST): Noruega e Azerbaijão.
Marcha dos indígenas
A segunda semana de negociações da COP30 começou com a Marcha Global dos Povos Indígenas, com a participação de povos originários de todos os continente pelas ruas de Belém. A marcha começou às 8h30, na Aldeia COP – base montada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA) – e terminou às 11h30, no Bosque Rodrigues Alves. Com a participação da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o ato reuniu reuniu cerca de 4.000 pessoas.
Alerta dos cientistas
Logo pela manhã, uma carta de cientistas também foi entregue aos chefes das delegações, alertando que a Amazônia e os recifes de corais tropicais estão próximos de “pontos de não retorno” — mudanças irreversíveis. Eles enfatizaram que este é o momento crucial para a presidência da COP entregar “mapas do caminho” que evitem impactos globais devastadores.
O documento, entregue pelo climatologista Carlos Nobre, denuncia ainda um “divórcio” entre a ciência e as negociações, apontando que dados científicos cruciais têm sido retirados dos textos negociados, o que consideram uma tática de atraso. Eles reforçaram que a eliminação dos combustíveis fósseis e a proteção das florestas devem ser a prioridade máxima da COP30. A ação aconteceu antes da primeira sessão da Plenária de Alto Nível da COP30,
COP do futuro
Nesta segunda-feira, a Jovem Campeã do Clima, Marcele Oliveira, liderou uma roda de conversa com cerca de 30 crianças e jovens de diversas partes do mundo e do Brasil, com a participação simbólica do Zé Gotinha e do Curupira. O objetivo foi criar um espaço inclusivo para que as crianças expressassem suas ideias sobre a crise climática. Jovens de comunidades quilombolas, ribeirinhas e periféricas pediram inclusão efetiva nos espaços de decisão, questionando quando suas ideias seriam implementadas, e não apenas ouvidas.
O encontro culminou com a leitura de um manifesto por jovens indígenas, que se declararam “a voz da Terra” e exigiram que os adultos assumam compromissos reais, como água limpa e rios livres de petróleo, reforçando: “Somos o presente e o agora”. A iniciativa busca consolidar a participação das novas gerações nos debates, deixando claro que a juventude quer um papel ativo na construção das soluções climáticas.
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