Começa nesta segunda-feira (10), em Belém do Pará, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) , transformando a capital paraense, no centro das discussões globais sobre o clima. Até o dia 21, o evento reúne chefes de Estado, líderes globais, negociadores e mais de 50 mil participantes em torno da pauta climática, com o desafio de acelerar a ação global diante da urgência da crise.
A escolha de Belém, no coração da Amazônia, é altamente simbólica. O Brasil, como país anfitrião, cumpre a promessa de levar os líderes mundiais para vivenciarem o bioma, dando voz direta aos povos indígenas e comunidades tradicionais que são guardiões da floresta.
O que está em jogo
O evento tem grandes desafios na mesa de negociação, com o objetivo de restaurar a credibilidade do Acordo de Paris, que completa dez anos na COP30 e visa combater as mudanças climáticas e limitar o aquecimento global.
Depois de debaterem na Cúpula dos Líderes, na semana passada, em Belém, financiamento climático, fim dos combustíveis fósseis e proteção das florestas tropicais, agora, as atenções se voltam para as mesas de negociação, onde esses compromissos terão de sair do discurso e se transformar em planos concretos, com metas, prazos e recursos definidos.
Um desse copromissos é fortalecer as metas nacionais de redução de emissões de cada país e avançar na regulação do mercado global de carbono.
Para os negociadores, a COP30 será guiada por três temas cruciais: adaptação climática, transição justa e a implementação do Balanço Global (GST) do Acordo de Paris.
- Adaptação: Refere-se à preparação de cidades e territórios para enfrentarem eventos extremos, como inundações ou tornados. A meta na COP30 é ambiciosa: estabelecer indicadores claros para o Objetivo Geral de Adaptação Climática, criando uma métrica global para avaliar o progresso dos países em se protegerem da crise.
- Transição Justa: Este tema deve ser institucionalizado na estrutura da conferência, ganhando um programa de trabalho oficial. O foco é garantir que as pessoas mais impactadas pela mudança para economias de baixo carbono – como trabalhadores de setores poluidores – tenham diretrizes e condições para se requalificar e atuar em novas áreas econômicas, unindo ação climática e justiça social.
- Balanço Global (GST): Prioridade herdada da COP28, o GST é uma avaliação periódica de progresso em relação às metas do Acordo de Paris. Sua implementação na COP30 deve consolidar as recomendações feitas em Dubai para que os países possam superar os desafios da mudança do clima e do aquecimento global.
O caminho do dinheiro
Por trás dos painéis de debate e dos compromissos técnicos, reside a verdadeira arma que pode determinar o sucesso ou o fracasso da COP30: o financiamento climático. Sem a injeção de capital necessária, a prometida guinada global para uma economia de baixo carbono se torna apenas uma miragem.
Para desfazer o nó e dar concretude à solução, as Presidências da COP29 e COP30 apresentaram o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”. Este plano estratégico serve como um manual para tentar mobilizar a impressionante cifra de US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático, uma tentativa de materializar o recurso que falta e virar a página da desconfiança.


