Em setembro de 2025, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou 279 km² de áreas desmatadas na Amazônia Legal. O número equivale à perda de 930 campos de futebol por dia, mas também representa uma queda de 49% em relação ao mesmo mês de 2024, indicando uma desaceleração importante na derrubada da floresta.
Esse dado marca o segundo período mensal de monitoramento do calendário de desmatamento de 2026, que compreende o período de agosto de 2025 a julho de 2026, e reforça a redução observada anteriormente.
“O começo do novo calendário mostra uma tendência de diminuição, o que é um sinal positivo. Porém, precisamos focar na meta de desmatamento líquido zero, quando a compensação de uma área desmatada é feita em outro local”, avalia o pesquisador do Imazon, Carlos Souza Jr.
Já quando se analisa o comportamento da retirada florestal entre janeiro e setembro de 2025, os dados apontam um declínio de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. A diminuição corresponde a uma área maior que a capital do Mato Grosso, Cuiabá, mas fica abaixo dos anos de 2021 e 2022, que marcaram os maiores níveis de perda na Amazônia.
Pará e Acre lideram o desmatamento em setembro
O Pará se manteve no topo do ranking de destruição, responsável por 34% de toda a extensão devastada na Amazônia Legal em setembro de 2025. O estado foi seguido pelo Acre, com 21%, e pelo Amazonas, com 17%. Somados, os três concentraram 72% de todo o desmatamento registrado no período, evidenciando a forte pressão da destruição nesses locais.
Entre os municípios mais afetados, o Pará e o Acre voltam a se destacar: cada um abriga três das dez cidades que mais derrubaram vegetação no mês. Essa concentração reforça a necessidade de intensificar ações de controle e monitoramento especialmente nessas regiões, que historicamente figuram entre as mais críticas.
“Esses resultados mostram que, embora a supressão de vegetação tenha diminuído no geral, ainda há focos persistentes de pressão em estados e municípios que precisam de atenção redobrada”, afirma a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim.
É justamente nesses estados que estão as Unidades de Conservação mais atingidas. Quatro das dez UC’s mais desmatadas estavam no Pará e outras quatro no Acre, sendo que a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, além de ocupar o primeiro lugar na lista, foi a mais pressionada pelo avanço do desmatamento em toda a Amazônia, segundo o relatório Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas, do Imazon.
“A presença da UC entre as mais desmatadas evidencia um cenário persistente de pressão sobre essa unidade de conservação, demonstrando a vulnerabilidade que ela possui frente às práticas ilegais e representa uma ameaça direta tanto aos povos que vivem no entorno quanto à biodiversidade que depende dessa floresta para sobreviver”, observa Carlos.
Degradação florestal tem queda em setembro
Setembro costuma ser um período crítico para as queimadas, por reunir condições climáticas mais secas e quentes, que favorecem a degradação provocada tanto pelo fogo quanto pela extração madeireira. Em setembro de 2024, a área degradada atingiu 20.238 km², o maior valor já registrado em toda a série histórica do SAD. Já em 2025, o monitoramento identificou uma queda de 95% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.
A redução expressiva ocorre devido ao recorde histórico do período anterior e a perda atual ainda equivale à derrubada de 3.406 campos de futebol de vegetação por dia, o que reforça a necessidade de ações contínuas de combate e controle dessa prática.
“É em setembro que se inicia a temporada de queimadas, principalmente devido às condições climáticas dessa época do ano. Por isso, é necessário focar intensamente em ações que barrem as queimadas nas regiões mais críticas, visando manter o declínio da degradação nos próximos meses do calendário”, explica Larissa.
Mato Grosso concentrou sozinho 56% da degradação de toda a Amazônia Legal
Entre os nove estados que compõem a Amazônia brasileira, Mato Grosso foi o que mais apresentou áreas degradadas. Somente nele, foram atingidos 562 km² de mata, o equivalente a 56% de toda a degradação detectada na região. Em segundo lugar está o estado do Pará, com 359 km² impactados.
São também nesses dois estados que se concentram os dez municípios mais degradados no mês: cinco localizados em território mato-grossense e outros cinco em território paraense.
Quando se observam apenas as dez terras indígenas com maior registro de degradação, quatro estão integralmente dentro de Mato Grosso, duas estão totalmente no Pará, uma está no Maranhão, uma está inteiramente em Rondônia, e as outras duas estão divididas entre Mato Grosso e Pará e Mato Grosso e Rondônia.
Já no acumulado de janeiro a setembro de 2025, a degradação florestal compreendeu 3.766 km², representando uma redução de 86% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, quando a atividade somou 26.246 km². Os dados mostram uma queda expressiva, mas a área atingida no acumulado ainda é maior que a cidade de Palmas, capital do Tocantins.
“A degradação tem como principal causa as queimadas, que, dependendo do clima, podem se alastrar rapidamente, destruindo a vegetação, afetando a fauna, causando problemas de saúde na população e contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas na Amazônia e no mundo. Por isso, essa prática deve ser combatida intensamente pelos órgãos responsáveis, e seus causadores precisam ser devidamente penalizados”, comenta Larissa.
Fonte: Imazon