Um projeto inovador pretende gerar renda para agricultores e, ao mesmo tempo, recuperar 2,75 mil hectares de áreas degradadas. A iniciativa do Grupo Belterra envolve a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), com base no cacau, em parceria com pequenos e médios produtores rurais da Bahia, do Pará, de Rondônia e de Mato Grosso.
O projeto conta com um investimento total de R$ 135 milhões, sendo R$ 100 milhões viabilizados com recursos do Fundo Clima, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), além de um aporte de R$ 15 milhões em recursos próprios do Grupo Belterra e mais R$ 20 milhões captados junto ao Amazon Biodiversity Fund (ABF).
O contrato para o projeto foi assinado na manhã desta sexta-feira (10), durante o seminário “BNDES Florestas do Brasil por todo o planeta”, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. O evento serviu de palco para o lançamento do BNDES Florestas, plataforma que organizará as iniciativas do banco no setor.
Os SAFs buscam mesclar, em uma mesma área, diferentes culturas agrícolas e espécies florestais capazes de estabelecer uma relação harmônica. Um sistema bem-sucedido garante o uso sustentável da terra, o aumento da produtividade e maior resiliência das paisagens agrícolas. Sua implantação valoriza a natureza, preserva o ecossistema e gera um produto de alta qualidade.
Cacau como fonte de renda e restauração
Com polos operacionais em diferentes estados, o Grupo Belterra espera plantar 2,9 milhões de mudas neste novo projeto. O cacau é a principal fonte de renda – uma espécie de ciclo longo com produção a partir de três anos e altíssima demanda no mercado internacional. Além do cacau, são previstas receitas com a plantação de mandioca e banana, espécies que possuem um ciclo mais curto.
Os agricultores parceiros terão acesso a financiamento e assistência técnica para a implantação do SAF. Além disso, contarão com a garantia de escoamento da produção, o que lhes dá maior previsibilidade de renda e menor exposição aos riscos climáticos.
“Nosso modelo de negócio busca superar os principais desafios para a implantação deste tipo projeto. Além de oferecer novos arranjos produtivos como alternativa para pequenos agricultores, são empreendidos esforços para conectar a produção à demanda de grandes empresas do setor alimentício. Essa abordagem viabiliza a reparação dos danos ambientais e a restauração das terras degradadas, ao mesmo tempo em que traz sustentabilidade econômica para o agricultor”, explicou Valmir Ortega, CEO da Belterra Agroflorestas.
Outro resultado esperado é a remoção de emissões anuais de 232,5 mil toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e/ano), o que permite a originação de créditos de carbono pelo projeto.
O Fundo Clima, criado em 2009 e vinculado ao MMA, acolheu o projeto do Grupo Belterra na modalidade Florestas Nativas e Recursos Hídricos. Esta modalidade prevê o apoio à conservação, recuperação e gestão responsável de florestas e a promoção da mitigação climática, da sustentabilidade ambiental e da resiliência às mudanças climáticas.