Pesquisadores de diversas regiões do Brasil estão trabalhando em um projeto para transformar as amêndoas de cupuaçu, castanha-do-pará e pracaxi em produtos sustentáveis de alto valor agregado. O estudo, apoiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), visa aproveitar as biomassas residuais dessas amêndoas para criar extratos ricos em compostos bioativos.
Após serem extraídos, esses compostos passam por um processo de microencapsulamento, que ajuda a preservar suas propriedades. Em seguida, são analisados em laboratório para avaliar sua composição química e verificar atividades biológicas, como a ação anti-inflamatória e antioxidante.
Pesquisa envolve várias instituições
O projeto é liderado por uma equipe de cientistas de instituições como a Embrapa, a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Unirio e a Universidade Federal do Amapá. No Pará, a pesquisa é liderada pelo professor Fagner Aguiar, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
Aguiar destaca a importância do apoio para a pesquisa científica e a transferência de conhecimento para as comunidades, o que contribui para o bem-estar dos povos locais.
“Além de propiciar à academia grandes oportunidades curriculares aos discentes que executam as atividades, incentivados por bolsas de pesquisa. Hoje, na equipe Pará, temos cinco bolsistas de Iniciação Científica, em andamento, e um pós-doutorado concluído no projeto”, afirma.
A pesquisa conta com o apoio de associações e cooperativas que trabalham com Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), no Amapá e no Pará. Essas comunidades colaboram fornecendo a matéria-prima e suas instalações para o desenvolvimento do projeto.
No Pará, as Associação dos Pequenos Produtores Rurais Extrativistas e Pescadores do Rio Ipanema (APREPRI), do município de Curralinho, na Ilha do Marajó, que trabalha com o pracaxi e o cupuaçu, e a Cooperativa Agrícola de Tomé-Açu (Camta), no município de Tomé-Açu, participam de todas as etapas da execução da proposta, bem como colaboram com o fornecimento de matérias-primas (amêndoas, óleo e torta) e com as instalações físicas para o desenvolvimento do projeto.
Resultados promissores
Os avanços obtidos no projeto já foram reconhecidos em eventos e publicações científicas. Um dos resultados mais promissores é a obtenção de extratos que podem ser aplicados em filmes comestíveis para aumentar a vida útil de frutas, como o açaí, o que ajudaria a diminuir as perdas dos produtores.
A pesquisa segue com o objetivo de escalar o processo, buscando sair da fase experimental de laboratório para uma produção em nível comercial e industrial. A iniciativa reforça o potencial da bioeconomia amazônica, que une inovação, sustentabilidade e valorização dos recursos naturais da floresta.