Por Tereza Coelho
Em coletiva de imprensa feita nesta sexta-feira, 22, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, descartou a hipótese de eventos oficiais da COP30 serem realizados fora de Belém. Na última semana, o governador Helder Barbalho também comentou sobre a questão após os governos de São Paulo e Rio de Janeiro reforçarem disponibilidade para receber eventos da COP de última hora.
A coletiva, que aconteceu após uma reunião de três horas entre o Governo Federal, governo do Pará, representantes do Bureau da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e da Presidência da COP30, contou com destaques feitos pela secretária-executiva da Casa Civil do Governo Federal, Miriam Belchior, e do secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia.
Em uma participação rápida, o presidente da COP enfatizou que Belém é a única sede da Conferência e reforçou: “Vamos seguir trabalhando e dialogando para fazer essa COP em Belém e de uma maneira fantástica como deve ser”, disse.
Na coletiva, a organização da COP30 afirmou que Belém tem um a oferta total de 53 mil leitos, número superior à estimativa de 50 mil participantes do evento.
A representante da Casa Civil disse que entre os ‘pontos de pressão’ de algumas delegações está a possibilidade de reduzir o tempo de participação na COP30:
“Alguns países disseram que além de reduzir as comitivas, pode ser necessário reduzir o tempo de participação devido aos preços de hospedagens. Estamos trabalhando neste aspecto de forma integrada dentro do que a legislação permite” destaca.
Até o momento, 47 países estão confirmados e 39 deles fizeram reservas pela plataforma fornecida pelo governo federal. Tanto Miriam quanto Valter Correia acreditam, porém, que esse número deve aumentar a partir desta sexta-feira, 22, uma vez que muitos aguardavam a reunião.
Miriam contou que o valor das hospedagens ainda é um tema frequente entre as delegações, mas que além de estratégias, o governo do Pará criou uma força-tarefa e o governo brasileiro tomou decisões para lidar com algumas críticas.
“O Brasil apoia que a ONU aumente o valor do auxílio voltado para garantir a hospedagem de países com menos recursos (para Belém, o valor é limitado á US$149 por diária, equivalente a R$816), mas os países mais ricos que o Brasil possuem seus próprios recursos. Se a COP fosse em qualquer outro lugar eles pagariam”, diz.
Já Valter Correia complementou que a proposta para este tópico é garantir quartos de até US$ 100 (equivalente a R$ 548) para países insulares e menos desenvolvidos, assim como na faixa de US$ 250 a US$ 600 (equivalente a R$1.370 e R$3.289, respectivamente) para países desenvolvidos. Valter disse ainda que é improvável a chance de hospedagens a menos de US$ 100.
“É completamente incompatível quartos em valores inferiores a esse, mesmo no Círio (de Nazaré, maior procissão religiosa do mundo)”, conta.
Valter cita também que o Círio de Nazaré é um período de referência para comprovar a capacidade da cidade em receber o evento.
“No Círio a cidade recebe 90 mil pessoas em um fim de semana, é uma comprovação de capacidade e logística”, diz.
Entre as preocupações de delegações menores, que ficarão hospedadas em navios na Ilha de Outeiro, está a chance de estenderem as negociações e acabarem sendo ‘despejados’ pelas embarcações, o que foi descartado pela. “Neste caso, os passageiros serão realocados para hotéis. Não haverá prejuízo”, garante Miriam.
A COP 30 será realizada em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 e segundo a ONU, deve atrair 50 mil visitantes para a capital paraense, representeando mais de 190 delegações entre líderes de nações, iniciativas públicas e privadas, assim como representantes da sociedade civil.
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