A anunciada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos está gerando uma corrida contra o tempo para as empresas de açaí, que veem seu principal mercado de exportação ameaçado. Diante da iminente mudança, a palavra de ordem é buscar alternativas para garantir a continuidade dos negócios, especialmente para o açaí paraense e de outras regiões da Amazônia.
Os Estados Unidos são, hoje, o maior destino das exportações brasileiras de produtos à base de açaí, seguidos por Europa e Japão. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a polpa de açaí movimentou mais de US$ 464 mil em 2024.
O presidente da Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia no Pará, Nazareno Alves da Silva, disse à Reuters que os produtores brasileiros estão tentando absrover esse aumento de custo para manter as exportações aos EUA, mas a alternativa mais provável é a busca por outros mercados.
Com a oficialização da nova regra, empresas como a Oakberry, que abastece suas 50 unidades americanas a partir de sua fábrica em Belém, Pará, e a Frooty, líder no mercado nacional, estão reavaliando suas operações. A mineira Frooty, por exemplo, tem 30% de sua receita de exportação vinda dos EUA e considera repassar os custos aos consumidores, além de reforçar a entrada em novos mercados.
“A Frooty exporta para praticamente todos os continentes, temos importantes clientes e parceiros ao redor do globo. Nossa estratégia sempre foi diversificar a marca nos mercados internacionais, e isso vai se intensificar, principalmente nesse momento”, afirma o CEO da Frooty, Fabio Carvalho, ao site Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
A a diversificação de mercados é solução mais defendida por especialistas e já adotada por algumas empresas. André Cavalcanti, contador especialista em tributos, aponta que o setor de açaí opera com margens apertadas, inviabilizando a absorção de custos adicionais a longo prazo. “Embora complexa, diversificar os mercados de exportação é uma alternativa válida caso as taxas altas se mantenham por um longo período”, afirma.
A Amazonbai, cooperativa da foz do rio Amazonas, no Amapá, que tem 20% de suas vendas para os Estados Unidos, já está priorizando a busca por clientes na América do Sul e Europa. Segundo o presidente Amiraldo Picanço, a cooperativa não conseguirá absorver o aumento das tarifas.