O mercado de carbono no Brasil ainda está em fase inicial de regulamentação, mas muitas empresas nacionais já se movimentam para ocupar espaço nesse setor em expansão. É o caso da re.green, companhia que atua na geração de créditos de carbono por meio de projetos de restauração florestal.
A empresa estabeleceu como meta recuperar 1 milhão de hectares de áreas degradadas até 2032. A expectativa é que, com essa iniciativa, seja possível remover cerca de 15 milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera por ano.
A preservação de áreas nativas e a recuperação de terras degradadas têm se tornado uma estratégia econômica para empresas que atuam no mercado de carbono e é fundamental para frear a emergência climática e impedir a extinção de diversas espécies. Além disso, ao manter árvores em pé, mesmo em locais onde o desmatamento seria legalmente permitido, ou ao promover o reflorestamento, essas empresas podem emitir créditos de carbono.
Esses créditos são comprados por companhias que emitem gases de efeito estufa e buscam compensar suas emissões, a fim de cumprir metas de neutralidade de carbono. Com isso, as empresas reflorestadoras passam a lucrar ao vender títulos de compensação para setores mais poluentes da economia. Com o potencial natural do Brasil para a captura de carbono, a atuação de empresas como a re.green sinaliza o protagonismo que o país pode assumir na transição para uma economia de baixo carbono.
“Quando a árvore cresce, ela não apenas remove carbono, também contribui para a conservação da biodiversidade e a geração de empregos”, destaca a diretora Jurídica e Relações Institucionais da Re.green, Mariana Barbosa, ao O Globo.
Dois perfis de empresas têm se destacado na compra de créditos de carbono para compensar suas emissões: as do setor de tecnologia e aquelas comprometidas com políticas de ESG (ambiental, social e governança). Um exemplo é a Microsoft, que já firmou contratos com a Re.green, que possui 26 mil hectares sob sua gestão, sendo 12 mil de área restaurada.
Quem também tem investido no mercado de restauração de florestas é a Biomas. Fundada recentemente, a companhia estabeleceu a meta de recuperar 2 milhões de hectares de áreas degradadas em um prazo de 20 anos, a partir de 2022. Para Fabio Sakamoto, CEO da companhia, o crédito de carbono é um investimento a longo prazo e que precisa de um investimento maior nos primeiros anos.
“É um projeto em que o dinheiro é investido nos primeiros cinco anos, e o crédito de carbono é gerado a partir do crescimento da floresta. E uma floresta demora cerca de 40 anos para crescer e vou emitir crédito ao longo desse tempo”, explica.
No Pará, a restauração da floresta também se tornou uma prioridade desde 2019, por meio de iniciativas como o Plano Estadual Amazônia Agora, a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas e o programa Territórios Sustentáveis, voltados para a mudança do uso do solo no território paraense, focando nos benefícios socioeconômicos, ambientais e culturais. A meta do estado é recuperar 5,7 milhões de hectares de florestas até 2030.
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