A Doença de Chagas, infecção crônica transmitida pelo inseto barbeiro e que pode causar graves problemas cardíacos, enfrenta um novo desafio com as mudanças do clima. Um estudo recente alerta que o aquecimento global pode expandir a área de ocorrência dos barbeiros para novas regiões da Amazônia, aumentando os risco para as populações locais e sobrecarregando sistemas de saúde despreparados para lidar com a doença.
Pesquisadores analisaram milhares de registros de ocorrência de barbeiros, onde eles vivem hoje e onde podem viver no futuro, até 2080, se o clima continuar esquentando. A análise mostrou uma tendência preocupante de deslocamento em direção à bacia amazônica, especialmente em cenários de aquecimento mais intenso.
Esse avanço dos transmissores da doença para novas áreas representa um perigo significativo, podendo gerar surtos inesperados de Chagas e afetar comunidades com acesso limitado à saúde. A situação exige atenção e resposta rápida das autoridades para conter a transmissão e oferecer tratamento adequado aos infectados, evitando que a doença se alastre em novas fronteiras.
Além do impacto na saúde individual, os prejuízos sociais e econômicos são grandes: a doença reduz a qualidade de vida, afasta trabalhadores de suas atividades, gera custos ao sistema de saúde e compromete o desenvolvimento de comunidades vulneráveis
Diante desse cenário, os especialistas recomendam uma abordagem integrada, combinando o fortalecimento do monitoramento dos insetos (vigilância entomológica), campanhas de informação e prevenção, melhoria das condições de moradia em áreas de risco, e a união de políticas de saúde com estratégias ambientais e de adaptação às mudanças climáticas.
O estudo, resultado de uma ampla colaboração científica, não apenas alerta sobre o futuro da Doença de Chagas, mas também oferece um modelo adaptável para prever riscos de outras doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue.
Além da Universidade Federal do Pará e da Universidade Federal do Mato Grosso, participam do estudo pesquisadores de instituições como o Instituto Evandro Chagas, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a Universidade de Bristol.