Prestes a sediar a COP30 em novembro, o Brasil teve em 2024 o pior ano para suas florestas desde 2016, impulsionado principalmente por incêndios. Dados do Laboratório GLAD da Universidade de Maryland, divulgados nesta quarta-feira (21) pela plataforma Global Forest Watch (GFW) do World Resources Institute (WRI), revelam que 2,8 milhões de hectares de florestas primárias foram destruídos no país, uma área um pouco menor que a da Bélgica.
Globalmente, a perda de florestas primárias tropicais atingiu 6,7 milhões de hectares, quase o dobro do registrado em 2023 – o equivalente à área do Panamá, ou 18 campos de futebol por minuto. Pela primeira vez desde o início das medições do GFW, os incêndios, e não a agropecuária, foram a principal causa da perda de florestas primárias tropicais em todo o mundo.
No Brasil, dois terços da perda de floresta primária foram atribuídos a incêndios, causados principalmente por atividade humana. Cerca de 80% dessa destruição ocorreu na Floresta Amazônica. As florestas são essenciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, influenciando temperaturas e chuvas locais, o que impacta a agricultura e a saúde. Ecossistemas florestais saudáveis e biodiversos sustentam os meios de subsistência de um terço da população mundial.
A perda de floresta na Amazônia foi 110% maior que em 2023, com 60% dessa destruição causada pelo fogo. O relatório aponta que a seca extrema, a mais forte em 70 anos, somada ao calor intenso, favoreceu a propagação das chamas. No Pantanal, o fogo também causou grandes estragos: o bioma perdeu 1,6% de sua vegetação em 2024 — mais que o dobro da média nacional (0,83%) —, sendo 57% devido a incêndios. Estudos indicam que os incêndios na região estão 40% mais intensos devido às mudanças climáticas.
Com essa devastação, o Brasil liderou o ranking mundial de perda de florestas, respondendo por 42% de toda a “Sem investimentos sustentados na prevenção de incêndios florestais, fiscalização mais rigorosa nos estados e foco no uso sustentável da terra, conquistas arduamente obtidas correm o risco de serem desfeitas. Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, tem uma oportunidade poderosa de colocar a proteção florestal em primeiro plano no cenário global”, alerta Mariana Oliveira, Diretora do Programa de Florestas e Uso da Terra do WRI Brasil. perda de floresta tropical primária global. Além dos incêndios, o desmatamento para cultivo de soja e pecuária também contribuiu para a destruição florestal.
“Este nível de perda florestal é diferente de tudo que vimos em mais de 20 anos de dados. É um alerta vermelho global — um chamado coletivo à ação para cada país, cada empresa e cada pessoa que se preocupa com um planeta habitável. Nossas economias, nossas comunidades, nossa saúde — nada disso pode sobreviver sem florestas”, ressaltou Elizabeth Goldman, Co-Diretora do Global Forest Watch do WRI.