Mais de 50 mil pessoas são esperadas em Belém para participar da COP30 em novembro deste ano. Apesar do público numeroso, muita gente interessada pode não ter a chance de participar da programação nos espaços oficiais: a blue zone (zona azul) e a green zone (zona verde). Para ampliar a participação, movimentos populares estão criando yellow zones (zonas amarelas) com eventos abertos na periferia da capital.
As conferências do clima têm a tradição da zona azul, que é a área oficial da ONU, onde ocorrem as negociações entre os países-membro, e a zona verde, que é um espaço aberto com eventos, exposições e debates promovidos por organizações não governamentais, instituições de pesquisa e empresas. Em Belém, o Parque da Cidade irá concentrar os dois espaços.
A iniciativa de criar as zonas amarelas é da COP das Baixadas, movimento que reúne 15 organizações da periferia ligadas ao ativismo climático, que busca descentralizar e envolver as comunidades locais no debate. A proposta é que a ideia se internacionalize e esteja presente em todas as futuras cidades-sede da conferência do clima.
“Os nossos territórios em geral, em Belém e nos arredores, têm muitas expectativas que não serão supridas pela COP. Então resolvemos fazer algo para beneficiá-los”, explicou um dos fundadores da COP das Baixadas, Jean da Silva, em entrevista à Folha de São Paulo.
Até o momento são quatro zonas amarelas na cidade: o centro cultural Gueto Hub, no bairro do Jurunas; a biblioteca comunitária Barca Literária, na Vila da Barca; o espaço EcoAmazônias, também no Jurunas; e o Espaço Cultural Ruth Costa, no bairro de Águas Lindas, na região metropolitana. A meta é que até a COP30 sejam 12 yellow zones.
Aproximação dos jovens
Nos locais é possível fazer oficinas, obter informações turísticas da região onde estão localizadas e conhecer propostas para atrair investimentos para melhoria da infraestrutura e das condições sociais e econômicas das periferias.
Durante a COP30, a expectativa é que as yellow zones sejam locais de confluência da programação da Conferência da Juventude, organizada pelo segmento oficial das crianças e dos adolescentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Além disso, a programação deve priorizar discussões que estão fora dos holofotes nas negociações, como o racismo ambiental e os direitos dos rios.
“As yellow zones podem ser utilizadas para aproximar os jovens da periferia do que está acontecendo no planeta com as mudanças climáticas, para que eles talvez se inspirem e se engajem, e para que jovens do mundo todo vejam a realidade dos jovens daqui e o que eles estão fazendo”, afirma Jean.