O conhecimento sobre gestão de fogo aponta caminhos para a redução dos riscos de incêndios e, portanto, para a conservação da Amazônia e mitigação das mudanças climáticas. Os incêndios não só destroem florestas, como liberam altos volumes de gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global.
Por outro lado, quando realizadas de forma planejada e sustentável, as práticas de manejo controlado do fogo podem reduzir riscos, proteger comunidades e conservar a biodiversidade. Este entendimento está consolidado na PNMIF (Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo), Lei nº 14.944/2024, que formaliza o MIF como política de estado.
Durante a COP30, que ocorre em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) participará de dezenas de eventos sobre o tema, tanto na Zona Azul, quanto em eventos paralelos fora do espaço oficial na conferência (confira aqui a agenda completa).
Neles, o instituto apresentará os resultados do diagnóstico sobre a gestão do fogo nos estados da Amazônia Legal, dois policy briefs sobre o tema, produzidos em conjunto com parceiros, além de participar de outras ações e atividades. Confira em detalhes a seguir.
Iniciativas sobre gestão do fogo na COP30
Os policy briefs incluem uma produção em parceria com a Universidade de Oxford, que aborda os impactos dos incêndios de 2024 nas áreas úmidas da Amazônia, e outro desenvolvido em colaboração com o grupo do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa), que apresenta as emissões de GEE provenientes de incêndios florestais e queimadas de pastagem no mesmo ano.
Nos documentos, destaca-se que a implementação em larga escala da PNMIF, especialmente a capacitação de brigadas comunitárias e o uso ordenado do fogo, exige a criação de mecanismos de financiamento climático inovadores, que reconheçam o MIF como investimento em infraestrutura de resiliência.
Ainda, será divulgado o livro ‘Fronteiras do Fogo’, organizado pela OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e pela GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional) do qual o IPAM assina um dos capítulos.
Por meio da capacitação da rede Mapbiomas (Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura do Solo no Brasil), da qual o IPAM faz parte, será destacado o trabalho sobre o monitoramento de incêndios florestais no Brasil e sua expansão para outros países da região tropical.
A exposição fotográfica Faces do Fogo, idealizada pelo Prevfogo/Ibama (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) com participação do instituto, convida o público a olhar além da fumaça e reconhecer as histórias humanas por trás das chamas, o trabalho das brigadas e o saber tradicional no combate aos incêndios.
Por fim, o instituto acompanhará de perto a agenda da Chamada de Ação sobre Manejo Integrado do Fogo, a ser apresentada pelo Brasil, reforçando a necessidade de soluções climáticas baseadas em evidências científicas e práticas sustentáveis.
“A gestão do fogo precisa ganhar protagonismo na agenda climática. Os incêndios são hoje uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa e uma séria ameaça às soluções baseadas na natureza que a COP30 vai debater. Elevar essa discussão é essencial para mostrar que o manejo integrado do fogo pode transformar um problema em solução, reduzindo riscos, protegendo florestas e comunidades, além de fortalecer as estratégias de mitigação, adaptação e de enfrentamento às perdas e danos”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Gestão do fogo na Amazônia Legal: diagnóstico e desafios
Com mais de 5 milhões de km², a Amazônia Legal engloba três biomas (Amazônia, Cerrado e Pantanal) e enfrenta desafios ambientais como desmatamento e incêndios, que têm se intensificado com as mudanças climáticas.
Na floresta amazônica, o fogo é causado por ações humanas e se torna mais frequente diante da degradação e do aumento das temperaturas, trazendo impactos diretos ao meio ambiente, à saúde das populações e à economia local.
No Cerrado, embora o fogo seja um fenômeno natural essencial para a regeneração de partes do bioma, seu uso descontrolado provoca degradação de solos e perda de biodiversidade. Já no Pantanal, a combinação de queimadas humanas e secas severas têm causado danos aos ecossistemas e às comunidades pantaneiras.
Em parceria com o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) e o MMA, o IPAM realizou um diagnóstico da gestão do fogo nos estados da Amazônia Legal, avaliando capacidades, desafios e oportunidades para aprimorar a governança do tema. O estudo evidencia a importância de estratégias integradas, que unam conhecimento técnico, políticas públicas e saberes tradicionais, como forma de reduzir incêndios, proteger comunidades e conservar a biodiversidade da região.
Fonte: Ipam


