O Pará tem 34 municípios, o equivalente a quase ¼ do total de 144 cidades, com alto risco para desastres naturais, segundo dados da plataforma AdaptaBrasil, elaborada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Nesta conta entram municípios com possíveis impactos relacionados à seca e à chuva, como inundações, enxurradas e alagamentos ou deslizamentos de terra.
Para cada tipo de impacto, a ferramenta classifica os locais em cinco índices: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto. As localidades com os piores resultados somam 34. São elas: Almeirim, Altamira, Senador José Porfírio, Água Azul do Norte, Parauapebas, Faro, Alenquer, Monte Alegre, Prainha, Porto de Moz, Gurupá, Melgaço, Portel, Breves, Afuá, Chaves, Curralinho, Ponta de Pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Limoeiro do Ajuru, Igarapé Miri, Cametá, Mocajuba, Tailândia, Acará, Vigia, Tucuruí, Marabá, Nova Ipixuna, Itaituba, Aveiro, Óbidos e Ananindeua.
Entre os municípios, alguns apresentam vulnerabilidade para mais de um tipo de impacto, como é o caso de Almeirim, na região da Calha Norte, que tem risco alto para seca e muito alto para inundações, enxurradas e alagamentos. Ainda de acordo com o AdaptaBrasil, outros 56 municípios estão classificados com risco alto para seca ou desastres hidrogeológicos. Considerando os dois índices mais elevados chega a 90 o número de municípios impactados por desastres no estado.

No Brasi, são 2,6 mil cidades com risco alto ou muito alto para desastres naturais.
Os dados alertam para a necessidade de ações de adaptação às mudanças climáticas, que podem aumentar ainda mais os impactos sentidos nessas regiões. Para isso, especialistas chamam a atenção para a importância de avaliar e planejar medidas para evitar os danos de eventos extremos, como secas, incêndios e enchentes.
“A adaptação é todo o processo de ajuste dos sistemas humanos e naturais para enfrentar as mudanças climáticas, reduzindo as vulnerabilidades e exposições de forma planejada e antecipada para que, sobretudo as populações que mais são impactadas, não sofram”, explicou o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) Pedro Ivo Camarinha à DW Brasil.
O investimento em adaptação climática também precisa entrar na agenda de governos locais e nacionais. Na COP30, que será realizada em Belém em novembro, um tema central da discussão envolve o financiamento climático que busca recursos para que os países em desenvolvimento possam prevenir e mitigar os impactos dos desastres. Mas além disso, é necessário que a adaptação seja incorporada às políticas públicas do país.
“É preciso existir uma gestão climática forte. Ou seja, uma gestão que olhe para os problemas históricos, os problemas intrínsecos daquela cidade, mas sempre colocando o que nós chamamos de lente climática – o olhar para como o clima pode acentuar muito dos problemas que essa cidade possui”, afirmou Pedro Camarinha.