A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, recebeu mais de três toneladas de equipamentos, avaliados em R$ 30 milhões, para monitorar a emissão de queimadas na Amazônia. Os equipamentos fazem parte do projeto CarbonARA-Brazil, iniciativa científica internacional coordenada pelo King`s College London, com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA).
Ao longo de dois anos, o projeto composto por um consórcio de instituições nacionais e estrangeiras, pretende aprofundar os conhecimentos sobre os fluxos de carbono, os impactos das queimadas e o papel da Amazônia no balanço climático global.
Como funciona o projeto?
A execução vai utilizar aplicação de tecnologias avançadas de sensoriamento terrestre, aéreo e orbital. A montagem dos equipamentos será realizada em início de setembro, por meio de uma força-tarefa internacional composta por pesquisadores de instituições do Brasil e da Europa que integram a iniciativa, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que lidera a iniciativa no Brasil; a University of Milano-Bicocca (Inimib) da Itália; Royal Belgian Institute for Aeronomy (Bira) da Bélgica; Britis Antarctic Survey (BAS) do Reino Unido; entre outros parceiros.
Após essa etapa, será realizada a primeira campanha de campo para coletar dados, que ocorrerá nos meses de setembro e outubro deste ano. Um dos destaques será a utilização de uma aeronave pertencente à British Antarctic Survey (BAS), instituição britânica que realiza pesquisas na Antártica, para monitoramento, que será em tempo real, sobrevoando focos de incêndio, além do uso de drones.
O projeto prevê ainda a instalação de uma torre de monitoramento na Fazenda Experimental da Ufopa e a utilização de dados fornecidos por satélites da Agência Espacial Europeia (ESA). A iniciativa também contará com atividades de extensão e de divulgação científica, como seminários e visitas guiadas à aeronave de monitoramento.
Participação regional
A Ufopa é a única universidade da região amazônica a compor esta rede global de pesquisa, sendo responsável pela coordenação das atividades científicas no território local, em especial na região do Baixo Tapajós.
“São equipamentos que vão monitorar as emissões de queimadas da região, ou seja, os aerossóis que estão na fumaça, como fuligem, poeira, além de todos os tipos de gases do efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Por isso, o projeto tem a ver com a temática de mudanças climáticas. Tudo vai ser monitorado, medido, por instrumentos que vão ficar no chão, em drones, avião e em satélites que vão estar a vários quilômetros de altura”, explica o professor da Ufopa Júlio Tota, coordenador local do projeto. “É um projeto de cunho científico, que traz uma oportunidade única de passar os resultados científicos para a população”.
Júlio explica que o projeto se baseia em três componentes principais de observação e coletas de medidas: terrestre, aérea e orbital, que terá papel fundamental para uma investigação completa e detalhada sobre o tema:
“Esse é o objetivo do projeto: entender como as queimadas evoluem, o que emitem para atmosfera e como interagem com a formação de nuvens e com a circulação do ar. Entender os efeitos da deposição da fumaça que as pessoas respiram sobre a vegetação de gramínea que o gado come, por exemplo”. “Vamos integrar tudo isso para verificar também como a alteração da circulação do ar realmente pode afetar o microclima e, possivelmente, a longo prazo, de que forma esses períodos de queimadas mais intensas e prolongadas possam, de fato, mudar o clima aqui na região”, conclui.