Os efeitos combinados do desmatamento e das mudanças climáticas podem elevar a temperatura da Amazônia em até 10º C. A previsão alarmante faz parte do conjunto de estudos elaborados pelos pesquisadores vinculados ao Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA). Na América do Sul, as projeções indicam que o aquecimento poderá ser de aproximadamente 5º C.
De acordo com o gerente científico do LBA e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Bruce Fosberg, o aumento da temperatura na região e na América do Sul está relacionado às interações da floresta com o clima e vice-versa, bem como com os impactos da devastação ambiental e do crescimento das emissões de gases do efeito estufa ocorridas nos últimos séculos no hemisfério Norte.
“Se as emissões continuarem aumentando do jeito que estão, sem serem reduzidas significativamente nos próximos 50 anos, a tendência é que vai aumentar muito a temperatura na região, particularmente na Amazônia central. Só por causa das mudanças climáticas em nível global, a previsão é que irá aumentar em torno de 5º C, em média diária, na sombra. Se incluirmos o efeito da floresta, com a redução da biomassa, a tendência vai se agravar e o aumento de temperatura vai ser em torno de 10º C. Esse é o pior cenário”, alerta Fosberg.
Os dados fazem parte de um artigo assinado por Beatriz Oliveira, Marcus Bottino, Paulo Nobre e Carlos Nobre para a revista Communications Earth & Environment. A publicação ressalta que o desmatamento está conduzindo a região para um processo de savanização, que aliado ao contexto global, representa um risco maior de calor extremo e até de morte, afetando principalmente populações mais vulneráveis.
“É um resultado muito ruim porque aumentando 10 º C na região da Amazônia central, temos populações que são crianças, velhos e pessoas que tem problemas respiratórios e não sobreviveriam com esses 10 º C a mais. É uma situação extrema que a gente quer evitar”, reforça o pesquisador.
Por Fabrício Queiroz