O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e a Maritaka Expeditions promoveram uma ação para fortalecer o turismo sustentável na região da Calha Norte do Pará. A iniciativa, Projeto “Ecoturismo com Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte”, teve sua primeira etapa entre 14 e 25 de maio com o curso “Ecoturismo e Observação de Animais Silvestres”, ministrado pelo guia Frederico Crema Leis.
O ecoturismo comunitário contribui para a permanência dos povos tradicionais em seus territórios, reduzindo pressões como desmatamento e exploração predatória. Ao integrar conservação e valorização cultural, o projeto reforça um modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade e no respeito aos saberes locais.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o segmento cresce mais de 20% ao ano. A observação de vida silvestre movimenta bilhões de dólares, promovendo conservação e gerando emprego. A Calha Norte do Pará possui diversidade biológica e cultural para se tornar referência internacional.
A capacitação ocorreu inicialmente em Oriximiná, reunindo cerca de 60 participantes, incluindo estudantes universitários, lideranças indígenas e quilombolas. Os temas abordados foram fundamentos do ecoturismo, técnicas de observação de aves e mamíferos silvestres, e uso de aplicativos para mapeamento da avifauna local. O curso incluiu atividades práticas em campo, permitindo contato com a biodiversidade da região.

Depois, o curso seguiu para a comunidade de Jaramacaru, próxima à Floresta Estadual do Trombetas, Unidade de Conservação (UC) gerida pelo Ideflor-Bio. A floresta é conhecida pela extração de castanha-do-pará e sementes de cumaru, e abriga ecossistemas e espécies como onças, macacos e aves.
“O curso foi uma oportunidade de escuta e troca de saberes. A comunidade demonstrou grande interesse pelo turismo de base comunitária como forma de proteger seu território e gerar renda a partir de seus próprios conhecimentos”, afirma Claudia Kahwage, técnica em gestão ambiental do Ideflro-Bio, que acompanhou a atividade em campo.
Bioeconomia
A ação integra um conjunto de metas do projeto financiado pelo Fundo de Compensação Ambiental do Estado do Pará (FCA), gerido pelo Ideflor-Bio, com foco em valorização cultural, conservação ambiental e desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis.
Os objetivos principais incluem capacitação de guias comunitários, mapeamento de áreas com potencial turístico, implantação de infraestrutura de apoio com bioconstrução e desenvolvimento de produtos turísticos, como protocolos comunitários e catálogos gastronômicos.
“O projeto é demonstração de que é possível promover a conservação da floresta ao mesmo tempo em que se fortalece a autonomia das comunidades tradicionais. Estamos incentivando o protagonismo local como caminho para um futuro sustentável na Amazônia”, disse Nilson Pinto, presidente do Ideflor-Bio.
A atuação do Instituto na Calha Norte abrange um dos maiores mosaicos de áreas protegidas do mundo, incluindo a Estação Ecológica (Esec) Grão-Pará. Essas áreas, somadas às terras indígenas e quilombolas, compõem um território essencial para a regulação climática global e a preservação de modos de vida ancestrais.