O Pará concentrou 36% da redução do desmatamento na Amazônia entre 2022 e 2024. Apesar da queda, o estado que sediará a COP30 em novembro ainda é o que mais desmata, respondendo por 37% do total no bioma. A informação está em uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), lançada nesta sexta-feira, 5, Dia da Amazônia.
No período analisado, o estado registrou uma redução de 2.273 km², uma diminuição de 50% em relação aos anos anteriores. No entanto, o Pará ainda é responsável por 2.255 km² do total desmatado na Amazônia.
A queda no desmatamento se concentrou, principalmente, nas proximidades das principais rodovias, como a Transamazônica (BR-230) e a Cuiabá-Santarém (BR-163). A redução foi expressiva em municípios como Novo Progresso, Castelo dos Sonhos, Pacajá e Anapu.
O documento também identificou o papel “crucial” de Áreas Protegidas e Terras Públicas Não Destinadas na redução de desmatamento.
Segundo Rafaella Silvestrini, pesquisadora do IPAM e uma das autoras da nota técnica, a razão para a queda nos índices de desmatamento nessas regiões seria o aumento da fiscalização nos últimos dois anos – aumento este que se deu por uma alta anterior do desmatamento nessas áreas.
“As fiscalizações geralmente são direcionadas para a região que estava, anteriormente, com maior desmatamento – justamente para ser mais efetivo. É uma região que sai do Acre e do Amazonas e vai até o Pará, que é chamado de ‘o novo arco do desmatamento’”, explica Silvestrini.
A pesquisadora pontua que, atualmente, o foco do desmatamento está na região centro-sul do Estado, enquanto a região norte está “relativamente resguardada”. Silvestrini diz que a parte do centro até o sul e a chamada “Terra do Meio” são as que se encontram no arco do desmatamento – e que, consequentemente, hoje são também as áreas mais fiscalizadas.
“Enquanto tiver floresta, as pessoas vão desmatando. Por isso que essas medidas de fiscalização são tão importantes, para, pelo menos, fazer com que o desmatamento seja apenas legal – onde pode ser desmatado. Já seria um problema menos pior do que o que a gente tem hoje”, declara a pesquisadora.