Em discurso na 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a COP30 será um divisor de águas na luta contra a crise climática. Ele fez um apelo urgente para que a crise climática seja tratada como a prioridade máxima da agenda global.
“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, disse.
O presidente conclamou um compromisso imediato e real de todas as nações, afirmando que, sem o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), o mundo “caminhará de olhos vendados para o abismo”. Ele ressaltou que países em desenvolvimento enfrentam a mudança climática ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios sociais e econômicos.
Ele defendeu a justiça climática, lembrando que os países ricos usufruem de um padrão de vida construído às custas de duzentos anos de emissões. O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% de suas emissões, e Lula argumentou que exigir maior ambição, acesso a recursos e tecnologias “não é uma questão de caridade, mas de justiça”.
Em seu discurso, o presidente também falou sobre a Amazônia, destacando que o desmatamento na região já foi reduzido pela metade nos últimos dois anos. Ele pontuou que a erradicação total do desmatamento exige que os milhões de habitantes da Amazônia tenham condições dignas de vida.
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil, foi apresentado como uma solução para remunerar os países que mantêm suas florestas em pé. Lula alertou que a corrida por minerais críticos para a transição energética “não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos”.
Para finalizar, Lula defendeu a criação de um Conselho vinculado à Assembleia Geral da ONU, com força e legitimidade para monitorar os compromissos climáticos. Segundo ele, é hora de passar da fase de negociação para a implementação, e trazer o combate à mudança do clima para o “coração da ONU” é fundamental para a coerência da ação climática global.